Memória Titulo Guerra
O Brasil na guerra: uma rica versão
Por Ademir Medici
06/01/2018 | 07:00
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 Você sabe de onde eu venho?

Venho do morro, do Engenho,

Das selvas, dos cafezais,

Da boa terra do coco,

Da choupana onde

um é pouco,

Dois é bom, três é demais...

 

Versos iniciais da Canção do Expedicionário, letra de Guilherme de Almeida, música de Spartaco Rossi.

 

Nota – O pracinha Miguel Garofalo, de Santo André, canta esses mesmos versos no vídeo elaborado por esse time universitário da Metodista.

 

Novos jornalistas oferecem à história e à memória brasileiras um documento único: Você Sabe de Onde Eu Venho? Memórias Brasileiras na II Guerra Mundial (Umesp, Escola de Comunicação, Educação e Humanidades, Curso de Jornalismo, 2017). Um documentário que merece ser exibido por esse Brasil afora, e também no Exterior, por que não na Itália?, país de atuação da Força Expedicionária Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial.

Trata-se de um trabalho de fôlego, bem documentado, editado num vídeo de 23 minutos que atrai o expectador do começo ao fim.

Gabriel Russini, Marcelo Argachoy e Felipe Siqueira (que atuaram como estagiários no Diário), Gabriel Curty, Adilson Junior, Renan Nabeshima e Tiago Henrique Gomes entrevistam quatro ex-combatentes: Cleir de Carvalho, Ewaldo Meyer, Gerd Emil Brunckhorst e Miguel Garofalo.

E não foi uma entrevista única. Os então universitários retornaram várias vezes às suas fontes. Tornaram-se confidentes. Ganharam a confiança e respeito desses pracinhas com mais de 90 anos. E o resultado deixa a impressão de que tudo foi feito numa única rodada, numa única tarde, numa única sala, com a presença dos quatro. Não foi isso o que aconteceu.

As entrevistas foram individuais, em várias rodadas. As perguntas dos entrevistadores não aparecem. Apenas as respostas dos entrevistados. E a edição final demonstra uma sequência lógica de uma história com começo, meio e fim. Esta, a parte expositiva.

O conteúdo é forte. Garofalo, Brunckhorst, Meyer e Carvalho abrem o jogo. Narram situações reais e muitas vezes escondidas ou deixadas de lado pela história oficial. O patriotismo dos quatro está presente; mas a indignação de terem sido enviados aos campos de batalha sem uma estrutura adequada demonstra o sofrimento de alguns milhares de jovens brasileiros, muitos dos quais mortos em combate, inúmeros com sequelas da guerra pelos anos e décadas afora.

 

FONTES

O conteúdo oral é enriquecido por uma pesquisa biográfica que levou a equipe a órgãos como o Arquivo Público do Estado de São Paulo e a bancos de dados de jornais como A Gazeta e O Estado de S. Paulo. Também foram entrevistados historiadores, os professores Gilberto Maringoni e Cesar Campiani Maximiano. Mas o forte, mesmo, são os depoimentos dos pracinhas.

Disse Cleir de Carvalho: “O Exército Brasileiro foi agregado ao Exército Americano [...]tudo zero. Brasileiro não tinha nada, nada! O Brasil era precaríssimo em tudo. Quase tudo vinha de fora”.

Outro ponto rico do trabalho está na parte escrita. Os sete universitários, em 70 páginas, deixam registradas opiniões que podem e devem ser levadas em consideração.

“O mercado audiovisual nacional carece, em nossa visão, de obras de cunho histórico. Enquanto os líderes de bilheteria forem as comédias com o selo ‘Globo Filmes’, faltará criticidade ao público médio. Nossa história precisa ser registrada e vista por todos”, escrevem.

“Você sabe de onde eu venho?”, pelo seu conteúdo e apresentação, se constitui num modelo a ser discutido, analisado, seguido. E demonstra, claramente, a capacidade e visão dos novos profissionais de imprensa.

 

DEDICATÓRIA

Jovens que aprendem e apreendem com os mais velhos: “Temos ciência de que, provavelmente, esta seja uma das últimas contribuições dos soldados da FEB em vida, levando em consideração a idade deles, que é entre 92 e 97 anos. Por isso, este documentário é também uma homenagem a Cleir de Carvalho, Ewaldo Meyer, Gerd Emil Brunckhorst, Miguel Garofalo e aos 25.334 homens que serviram pela FEB na Itália”.

Dos quatro entrevistados, um não verá o documentário: Cleir de Carvalho, que morreu durante a realização do trabalho, mas que mesmo assim concedeu duas entrevistas gravadas. A terceira rodada seria focada especialmente nas fotos.

 

Diário há 30 anos

Quarta-feira, 6 de janeiro de 1988 – ano 30, edição 6642

Manchete – Mudanças no Sistema Financeiro de Habitação reduzem prestação dos imóveis

Presidente José Sarney confirma Maílson da Nóbrega na Fazenda.

Tragédia – Foram resgatados ontem seis dos nove corpos da família Nascimento, de Santo André, que morreram afogados domingo à tarde na Billings.

Editorial – Tragédia da Billings merece reflexão

 

Em 6 de janeiro de...

1918 – O pelotão de São Caetano do Tiro de Guerra 34 continua a receber instruções duas vezes por semana.

Futebol intermunicipal: programado para este domingo o amistoso em Santo André do Corinthians local com o Itamarati, de São Paulo. Os paulistanos virão pelo trem das 13h com seus dois quadros.

1943 – Cezar Livio nasce em Nova Friburgo (Rio de Janeiro). Veio jovem para São Bernardo e fez carreira na indústria automobilística. Ganhou o apelido de Carioca. Pesquisador, ele se dedica ao registro da memória em várias áreas: industrial, comunicação, música.

 

Santos do Dia

Santa Rafaela Maria

André Corsino (1301-1373)

Nilamão

 

Hoje
Dia dos Reis Magos

 

Municípios Brasileiros
Celebram seus aniversários em 6 de janeiro:

No Espírito Santo, Alegre

No Rio de Janeiro, Angra dos Reis

Em Santa Catarina, Criciúma

Em São Paulo, Dirce Reis e Morro Agudo

Em Pernambuco, Inajá e Sirinhaém

Em Goiás, Itapuranga

No Pará, Vigia

Fonte: IBGE

 

Nas Ondas do Rádio


Rádio Bandeirantes AM (840) e FM (90,9) – Memória. Para lembrar o cantor e compositor Antonio Marcos (um de dois programas).

O moço de São Miguel Paulista

Texto: Milton Parron

Trata-se de uma longa e emocionante entrevista dada em 1982 pelo cantor e compositor Antonio Marcos Pensamento da Silva, no programa Manhã Bandeirantes – com apresentação de Antonio Celso.

Antonio Marcos foi dos compositores mais talentosos surgidos no período da Jovem Guarda. Também era bom intérprete, tendo sido atração nos festivais de música da época, especialmente os da Record e da Excelsior. Morreu em abril de 1992 aos 46 anos de idade.

Aos 12 já tomava seus primeiros tragos em botecos de São Miguel Paulista, onde nasceu. A bebida, e outras drogas, foram suas companheiras ao largo da vida e foram as responsáveis por seu declínio profissional e pela morte prematura.

Foi na Rádio Bandeirantes, por incrível que pareça num programa de humor, Show de Rádio, de Estevan Bourroul Sangirardi, que Antonio Marcos apresentou-se em público pela primeira vez e, pouco tempo depois, foi contratado da TV Bandeirantes.

Nos dois programas Memória onde a entrevista de 1982 de Antonio Marcos será reproduzida, ele também interpretará vários dos seus inúmeros sucessos.

Produção e apresentação: Milton Parron. Hoje, às 23h, com reprise amanhã, às 5h.

Rádio Trianon AM (740) – Universal AM de Santos (810) – Especial com o trompetista e cantor Louis Armstrong – o jazz em pessoa. Produção e apresentação: Ronaldo Benvenga. Amanhã, às 9h. Pela internet, sites: www.radiotrianon.com.br , www.quintaavenida.mus.br e grandeabcwebradio.com




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