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José Augusto critica Filippi e diz que Diadema vive crise
Por Evelize Pacheco
Do Diário do Grande ABC
04/01/2004 | 18:52
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"Diadema vive uma profunda crise", na avaliação do pré-candidato do PSDB à Prefeitura, José Augusto da Silva Ramos, sobre a situação econômica e social da cidade. O tucano, que agora faz parte do governo do Estado como coordenador da Codeagro (Coordenação de Agronegócios do Estado), não poupa críticas ao atual prefeito José de Filippi Júnior (PT), candidato à reeleição.

Segundo o pré-candidato – que aparece no primeiro lugar em pesquisa realizada em dezembro pelo Instituto Brasmarket, a pedido do Diário –, a área da saúde, como outros setores da administração, passa por dificuldades por falta de “visão” do petista.

DIÁRIO – Qual é sua avaliação sobre a situação econômica e administrativa de Diadema?
JOSÉ AUGUSTO DA SILVA RAMOS – Diadema é uma cidade com muita dificuldade, com gente humilde, e está sofrendo muito, pela crise que a gente está vivendo, mundial, com as mudanças que a gente teve na economia. E principalmente por conta do setor automobílistico, que era a força motriz na nossa região, com essa mudança na lei – que permitiu às montadoras importarem as peças dos automóveis para montá-los nas fábricas aqui – fez com que as pequenas e médias empresas de auto-peças fossem pro vinagre, fechassem as portas, o que causou o desemprego. A crise do desemprego em São Paulo vem de muito tempo, se reflete na região do ABC e em Diadema, que eu diria que é a cidade mais frágil dessa cadeia de produção e, logicamente, a população acaba dependendo muito do poder público. Eu acredito que Diadema está vivendo uma profunda crise. E acho também que a Prefeitura poderia estar fazendo muito mais, até porque tínhamos espaço para isso, em áreas como o emprego, a educação, a parte de impostos, o transporte. Diadema, eu poderia dizer a você, vem enfrentando, como disse o prefeito Filippi, uma decadência, não só na Saúde, mas em diversos outros níveis.

DIÁRIO – Essa declaração foi feita por Filippi quando ele assumiu a Secretaria da Saúde, em setembro de 2003...
JOSÉ AUGUSTO – Sim, mas a Secretaria é dele há muito tempo, ele assumiu em 1º de janeiro de 2001, quando entrou na Prefeitura. Então, ele reconhece a decadência da Saúde, mas provavelmente reconheça também a decadência de outros setores, o transporte público piorou muito. Aumentou tanto a passagem de ônibus que 50% dos usuários deixaram de utilizar o transporte por conta do preço. Há decadência na limpeza, há decadência na parte do sistema educacional e principalmente nessa expectativa de emprego.

DIÁRIO – Voltando ainda à questão da Saúde, como o sr. avalia esse quadro, já que há referências na cidade sobre sua gestão (como prefeito) nesse setor e é um ponto muito destacado pela atual administração?
JOSÉ AUGUSTO – É um quadro difícil e o atual prefeito, em seu programa de governo, afirmou que resolveria o problema das filas (para marcação de consultas), da falta de medicamentos, da falta de equipamentos, do resgate, e não tem nada. Três anos se passaram e nada. Ele tinha que ter feito isso desde o dia 1º de janeiro de 2001, quando assumiu. Diadema tem uma estrutura já montada, tem o pronto-socorro do Eldorado, o pronto-socorro no Hospital do Piraporinha e tem o Pronto-Socorro Central, tem quatro equipamentos que se bem organizados respoderiam muito bem à demanda de Diadema. Logicamente, isso aqui não funcionaria sozinho, teria que funcionar junto com as unidades de Saúde. Mas o prefeito mandou médicos embora, reduziu salários, não deu as condições necessárias para estes profissionais trabalharem, fechou o horário da noite das unidades, que ficavam abertas durante a noite e no final de semana. Qual o objetivo de fazer isso? A população tem carência deste tipo de atendimento.

DIÁRIO – E qual seria a proposta do sr. para resolver essa questão?
JOSÉ AUGUSTO – Para se organizar o sistema público de Saúde tem que ter gente competente. Tem que ter uma equipe com competência, e não há isso. Se ele tivesse uma equipe competente, ele colocaria lá para resolver.

DIÁRIO – E em relação à questão partidária, o sr. tem uma trajetória que passa pelo PT, PPS e agora PSDB. A disputa entre petistas e tucanos já está acirrada desde agora, tendo em vista as eleições municipais. E o sr. conhece os dois lados, como o sr. encara isso?
JOSÉ AUGUSTO – Essa questão partidária é o seguinte: o Brasil é um país muito jovem na questão partidária, tivemos a Proclamação da República em 1889, depois disso eram poucos quem votavam, tinha dois partidos apenas e quem tinha dinheiro é que mandava. Teve um intervalo nesse sentido com o Getúlio e foi retomado com outros partidos, atividade novamente interrompida com a ditadura militar. Ou seja, o período de construção de uma vida partidária foi interrompida duas vezes e os partidos mudaram. A sociedade brasileira é atrasada do ponto de vista social, do ponto de vista político, e considerando a nossa época (1979 até hoje) são vinte e poucos anos (de atividade democrática), é muito pouco tempo para se dizer esse partido é mais amadurecido e esse aqui é menos. Temos partidos mais conservadores e partidos que estão no campo democrático e hoje estou num partido do campo democrático (PSDB), que é como outros partidos: o PDT, o PSB, o PMDB, o PT e o PSDB são partidos do campo democrático. Então, essa questão partidária ainda vai levar muito tempo para se definir. Por isso, não tem nenhum problema em eu ter estado no PT, passado pelo PPS e agora estar no PSDB, eu acho que em todos esses partidos existem pessoas que têm boa formação política. Realmente numa concepção de democracia eu acho que isso é um processo que a gente vai construindo, e se não houver interrupção, chega num ponto em que a sociedade pode buscar seus interesses através dos partidos. Por estar no PSDB, isso me coloca no campo democrático. A questão é localizada. Do ponto de vista gerencial, por exemplo, discordo quando dizem ‘O PT administra Diadema‘. Não é isso. As pessoas que administraram Diadema é que passaram pelo PT, cada um teve uma maneira de adminstrar. Meu jeito de gerenciar (dentro do PT) é diferente do jeito do Filippi; o Gilson (Menezes), que também foi do PT, tem outro jeito, diferente do meu e do Filippi.




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