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Assaltantes se entregam e libertam reféns em banco do RJ
Do Diário OnLine
Com Agências
12/07/2000 | 00:12
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Os ladroes armados com pistolas que chegaram a manter mais de 30 reféns na agência do Unibanco de Neves, localizada na rua Oliveira Botelho, em Sao Gonçalo (Rio de Janeiro), se entregaram no início da noite desta terça-feira e nao houve vítimas ou feridos.

A princípio, as informaçoes da polícia e de reféns davam conta de que eram cinco os assaltantes. Mas, com o fim do seqüestro, apenas três se entregaram. Há suspeitas de que dois teriam fugido. Carlos Roberto da Silva ("Carlos Batata"), 38 anos, José Augusto Pereira da Costa ("Baixinho"), 22 anos, e Nelson Gonçalves Filho ("Mingau"), 34 anos, estao detidos na 76ª DP, em Niterói.

Carlos Batata tem duas passagens pela polícia por assalto a mao armada. Ao chegarem na delegacia, os três contaram que estavam em liberdade condicional.

O faxineiro da agência Amauri Barbosa Oliveira foi detido para averiguaçoes. Ele trabalhava há um ano na agência e foi considerado suspeito por ser vizinho de Carlos Batata.

Reféns - No começo da açao, dez mulheres foram libertadas pelos seqüestradores porque elas estariam passando por problemas de saúde. Restaram os 21 reféns, que ficaram até o desfecho do assalto.

Pessoas que ficaram retidas no banco contaram que os assaltantes chegaram até a serem cordiais. Reféns revelaram que os bandidos serviram cafezinho, além de permitir que algumas pessoas usassem telefones celulares para entrar em contato com as respectivas famílias.

Celulares, aliás, foram bastante usados durante o seqüestro. Primeiro uma refém ligou, escondida, para o telefone do marido usando o celular de uma terceira pessoa. Depois, os telefones móveis serviram para negociaçoes e até para que um dos ladroes concedesse entrevistas para rádios e TVs.

O assalto durou mais de três horas e as negociaçoes, cerca de uma hora e meia. Em princípio, os assaltantes queriam um carro para fuga, os R$ 50 mil que roubaram da agência e segurança para deixar o local, mas a polícia negou os pedidos. Os bandidos também pediram a presença de um representante da Comissao de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil.

Ao perceberem que as exigências nao seriam atendidas, perto da conclusao do seqüestro, os ladroes apenas pediram para deixar o banco com vida e nao serem presos na 73ª DP (Neves), onde está detido um grupo rival.

A intençao da polícia foi vencer o grupo pelo cansaço para que eles finalmente se rendessem. As negociaçoes foram mantidas pelos comandantes do Bope, coronel Venâncio Moura, e da Polícia Militar, coronel Wilton Soares Ribeiro, e o com sub-secretário de Segurança Pública, coronel Lenine Freitas.

O secretário de Segurança Pública, coronel Josias Quintal, nao viu "necessidade" de participar diretamente das negociaçoes e nao foi para Sao Gonçalo. O governador carioca, Anthony Garotinho, também nao participou ativamente das negociaçoes. Ele estava no Palácio Guanabara recebendo os reis da Espanha, Juan Carlos e Sofia, e acompanhou a açao policial por telefone.

Há uma delegacia em frente à agência bancária onde ocorreu a tentativa de assalto. Também perto do local, há uma igreja que abriga crianças carentes e uma escola. O comércio local fechou as portas e a escola vizinha suspendeu as aulas.

Cerca de 100 policiais do Bope participaram da operaçao e cercaram o banco durante todo o tempo. Um helicóptero foi utilizado na operaçao.

Há duas versoes para explicar a chegada da polícia ao local. Segundo o coronel Lenine de Freitas, a presença do bandidos foi notada pelo cabo Rodrigo Silva, do 7º BPM, que fazia ronda pelo local. Já Luiz Antônio Businaro disse que o alarme foi acionado e que os ladroes viram uma patrulha do lado de fora e mandaram um segurança do banco sair para iniciar as negociaçoes.

Medo - A Polícia tomou precauçoes para evitar os erros cometidos no seqüestro do ônibus 174, na zona Sul do Rio, há cerca de um mês. A rua Oliveira Botelho foi interditada e uma barreira foi montada a 300 metros da agência bancária. A PM tomou a precauçao para evitar que populares se aproximassem dos bandidos quando eles deixassem o banco, como aconteceu no caso do coletivo do Jardim Botânico, que deixou duas vítimas.

Atropelamento - Os reféns e os assaltantes nao se feriram durante o assalto. Curiosamente, a única pessoa que sofreu ferimentos nao esteve na agência.

Uma mulher identificada como Ane Rabelo, que passou na frente da agência por volta das 14h30 (início do assalto), percebeu o movimento estranho e assustou-se. Na fuga, ela foi atropelada quando atravessava a rua. Ane sofreu fratura nos dedos e machucou o tórax.

"Irmao inimigo" - Uma personagem se destacou durante as negociaçoes com os assaltantes: o cabo Pedro, do Serviço Reservado do 7º BPM. Pedro é irmao de criaçao de Carlos Batata. A mae do cabo, que nao quis revelar o nome, disse que o adotou quando ele tinha 4 anos. Ela cuidou dele até os 18 anos, quando ele entrou para o Exército e depois casou. Desde entao, perdeu o contato.




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