Economia Titulo Crise
Fim da crise depende de emergentes
01/12/2008 | 07:02
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O presidente da França, Nicolas Sarkozy, admitiu neste fim de semana que o G-8, grupo dos países ricos, está obsoleto e que hoje é impossível resolver a crise econômica mundial sem a China, Brasil e outras nações emergentes.

Mas apesar de reconhecer o peso dos países em desenvolvimento, os países ricos ainda hesitam em dar recursos para garantir a luta contra a pobreza.

O alerta foi feito pelo presidente francês durante a conferência da ONU em Doha sobre o financiamento do desenvolvimento. "Achamos que o formato do G-8 que foi útil há algum tempo, hoje já é obsoleto", disse.

Sarkozy ainda apelou para uma reforma das instituições de Bretton Woods, como o Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário Internacional), e pediu que esses organismos sejam mais inclusivos. "Os países em desenvolvimento precisam ter um lugar e um papel mais importante dentro do FMI", afirmou.

Durante a conferência, o emir do Catar, Hamad Bin Khalifa al-Thani, alertou que os países ricos "não têm o direito de ditar o que outros devem fazer".

Sarkozy foi um dos líderes que impulsionaram a realização da cúpula do G-20 em Washington há 15 dias. Mas o que era para ser a reforma do sistema financeiro internacional apenas deu os primeiros passos para solucionar a crise.

Uma definição sobre a participação dos países emergentes no Banco Mundial ou no FMI também não foi estabelecida.

Falando especialmente para ministros de países em desenvolvimento, Sarkozy defendeu uma maior representação da África no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). A reforma vem sendo debatida há 15 anos e o Brasil é um dos governos que abertamente se apresenta como candidato.

Mas o evento também é uma demonstração das dificuldades em obter recursos para financiar o desenvolvimento. Sarkozy voltou a defender que os países ricos destinem 0,7% de seu PIB para ajuda internacional. No entanto, a conferência da ONU está sendo uma demonstração do fracasso dos países ricos em financiar o combate à pobreza.

Atualmente, os países ricos destinam menos da metade dos US$ 50 bilhões necessários por ano para lutar contra a pobreza no mundo.

A França, único país do Ocidente a mandar seu chefe de governo ao evento, dá apenas 0,5% de seu PIB a projetos de desenvolvimento. Sarkozy parecia não se importar com isso e alertava que a "crise financeira pode se tornar crise humanitária" se não for gerenciada com cuidado nos próximos meses.

Ocupados com a crise econômica, os demais países ricos simplesmente não apareceram à reunião. Já a ONU pediu um plano de estímulo para dar resposta aos problemas enfrentados pelos países emergentes e pobres.




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