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Silvio Torres dá azar quando assume prefeitura de S.Caetano
Juliana de Sordi Gattone
Do Diário do Grande ABC
08/12/2004 | 09:55
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O prefeito em exercício de São Caetano, Silvio Torres (PTB), sofre de um terrível estigma: toda vez que assume a Prefeitura, algo de ruim acontece na cidade. E os exemplos não são poucos. Nos corredores da Prefeitura corre o boato que esse seria o verdadeiro motivo para que o prefeito licenciado, Luiz Tortorello (PTB), temesse que o vice ocupasse o gabinete principal do Palácio da Cerâmica. O prefeito pediu afastamento apenas na quinta-feira à Câmara, após quase 20 dias internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Tortorello estaria despachando, até então, de um leito do hospital.

E o temor talvez não seja apenas superstição. Na segunda-feira, quando Torres assumiu a Prefeitura, a cidade foi acometida por dois fatos que entristeceram os moradores. Durante a tarde, a forte chuva fez com que as águas dos ribeirões dos Meninos e dos Couros subissem e fizessem os córregos transbordarem em trechos da cidade. São Caetano esteve entre os municípios com mais pontos de alagamento. As avenidas Almirante Delamare e Guido Aliberti, na entrada de São Caetano e que fazem divisa com São Paulo, encheram. Os carros que vinham da capital não conseguiam entrar em São Caetano, e vice-versa. A cheia atingiu o Jardim São Caetano. Residências foram inundadas com o transbordamento do ribeirão dos Meninos.

Como se não bastasse o contratempo da chuva, os moradores - quase todos fanáticos pelo Azulão - viram o São Caetano perder 24 pontos no Campeonato Brasileiro em decisão do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), que ainda condenou o presidente Nairo Ferreira de Souza a 720 dias de suspensão. O médico do time, Paulo Forte, foi suspenso em dois artigos, por 720 dias cada.

Outras - Mas esta não foi a única vez que Silvio Torres passou por maus bocados enquanto esteve à frente da Prefeitura. Só neste segundo mandato, quando desempenhou a função de vice-prefeito, foram vários os episódios.

Durante a campanha de reeleição, em agosto de 2000, Torres sofreu seqüestro relâmpago na cidade que serviu para o candidato da oposição, na época o ex-deputado federal Jair Meneguelli (PT), explorar a falta de segurança em São Caetano.

No primeiro ano do segundo mandato de Tortorello, mais precisamente no dia 21 de março de 2001, o teto do Hipermercado Extra, localizado na avenida Goiás com a avenida Guido Aliberti, desabou depois de forte chuva. O saldo foi de 12 feridos e uma CE (Comissão Especial) criada pelos vereadores para acompanhar as investigações sobre a causa do desabamento. Na ocasião, até o presidente do Grupo Pão de Açúcar, Abílio Diniz, pousou de helicóptero no estacionamento do hipermercado para avaliar os prejuízos. E lá estava Silvio Torres, como prefeito em exercício, com o primeiro fato grave da segunda gestão.

Apenas quatro meses depois, mais um dividendo fruto de uma das rápidas passagens de Torres pelo comando da cidade. No dia 20 de julho de 2001, uma análise da auditoria do TCE (Tribunal de Contas do Estado) decidiu pela nulidade da licitação e do contrato firmado em 2000 entre a Prefeitura - assinado por Silvio Torres durante licença de Tortorello - e a IMP Teleinformática S/C Ltda. para execução de serviços de interligação digital de voz e dados entre os prédios da administração e escolas da rede pública, incluindo fornecimento de mão-de-obra, serviços e materiais. O contrato, que tinha vigência de um ano, custou aos cofres públicos R$ 826.299 mil.

Como se não bastasse, em 21 de outubro de 2002, Torres estava à frente da Prefeitura quando uma ponte sobre o ribeirão dos Meninos, localizada na rua São Paulo, cedeu cerca de 2 metros após uma tempestade. O fato traz discussões até hoje, já que a ponte foi implodida, mas uma confusão quanto à responsabilidade da reconstrução tornou a realização da obra um mito na cidade.

Também em outubro de 2003, Silvio Torres sancionou uma das leis mais polêmicas da cidade - e que causou mais repercussão na mídia: a que criou o bolsão do Jardim São Caetano, bairro de classe média alta que foi transformado em espécie de condomínio fechado. A lei permite a expedição de alvará com autorização para instalação de equipamentos de sinalização e bloqueio de vias públicas para bairros residenciais, desde que as mudanças sejam aprovadas por 70% dos moradores, representados por uma sociedade de bairro.

Mesmo diante da gravidade dos fatos citados, Silvio Torres não respondeu uma vez sequer aos questionamentos do Diário.

Dia - Nesta terça, o prefeito em exercício reuniu os vereadores da sustentação para pedir a colaboração dos parlamentares no último mês de mandato. Embora o convite tenha sido estendido a todos, os vereadores do Hamilton Lacerda, Horácio Neto e Vera Severiano (todos do PT) e Fábio Palacio (PL) não compareceram ao encontro. O vereador Tite Campanella (PFL) arriscou-se a atender ao pedido. Resultado: saiu antes do término da reunião. "Me senti desconfortável porque o prefeito pediu o apoio da sustentação para continuar a governar", disse Tite ao sair logo no início do encontro. "Pedi licença e me retirei."

O presidente da Câmara, Paulo Pinheiro, afirmou que foram comentados os problemas causados pelos alagamentos, mas não houve nenhuma determinação. Quanto à possibilidade de convocar sessões extraordinárias, Pinheiro disse que desconhece. O presidente apenas afirmou que Torres pediu apoio. "Se houver necessidade, tem de partir dele." Ele relembrou que durante o período que Torres ficará no comando haverá a inauguração da praça 1º de Maio, no dia 10. Mas o dia ainda pode sofrer alterações.

Nesta quarta, às 10h, Torres promove encontro com os diretores da Prefeitura.




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