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'Revelação' é aposta
Márcio Maio
Da TV Press
07/12/2008 | 07:00
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Divulgação


Quando Revelação for ao ar nesta segunda-feira, depois de Pantanal, um novo capítulo da teledramaturgia do SBT estará sendo escrito. Depois de dez anos adaptando tramas latinas, a emissora apresenta o primeiro dos 164 episódios que marca a volta dos investimentos de Silvio Santos na produção de folhetins próprios.

Fascinação, último nessas condições e exibido em 1998, era de Walcyr Carrasco. Mas a dificuldade em conseguir um autor confiável para a empreitada - todos que o ‘patrão' queria estavam contratados pela Globo ou pela Record - deu espaço para a mulher do ‘dono do Baú', Íris Abravanel.

"Conversamos e ele não se opôs. Só quis que eu provasse que era capaz primeiro para depois ganhar o cargo", conta a autora, orgulhosa de sua criação.

O investimento superior a R$ 200 mil por capítulo se justifica pelos planos futuros. Parte do dinheiro foi aplicada na reforma da antiga cidade cenográfica da emissora, que será usada também nas próximas tramas.

Com direito à reativação do bonde que fez sucesso na bem-sucedida Éramos Seis, em 1994, circulando pela fictícia Tirânia, onde se passa a história. "Sempre tive esperanças de ver isso acontecendo", diz, emocionado, Mineirinho, técnico antigo do SBT que fez questão de conservar o veículo ao longo de mais de uma década sem utilização.

O horário escolhido para a exibição, perto de meia-noite, é tarde. Mas faz parte da estratégia para aproveitar o sucesso de Pantanal. Com a audiência surpreendente da reprise, que chega a 18 pontos de pico, Sílvio e Íris esperam segurar parte deste público com Revelação. E, posteriormente, exibir a novela depois de A Favorita, da Globo, concorrendo com Chamas da Vida, da Record. Mas só mesmo após o término do clássico de Benedito Ruy Barbosa.

"Pantanal foi uma grande surpresa. Se conseguirmos a metade do retorno que a reapresentação dá será mais que satisfatório", avalia a escritora. Ou seja, para ela, algo em torno de sete pontos de média será suficiente.

DESENCONTROS - A história principal não foge do lugar-comum. Um casal vive um grande amor, mas é separado por algumas armações. Lucas e Victória, de Sérgio Abreu e Tainá Müller, se apaixonam em Portugal enquanto fazem um curso e traçam planos para o futuro.

Mas um homem misterioso, vivido pelo diretor-geral da novela, Henrique Martins, influencia o destino do rapaz a todo momento e começa a atrapalhar o casal. Tudo para justificar o título da novela. A autora e Silvio decidiram o nome sem que a tal ‘revelação' estivesse na sinopse. "Embarquei nessa idéia e depois tivemos de quebrar a cabeça para arrumar uma justificativa", brinca Íris, sem vergonha de assumir suas falhas.

Além do romance, a trama do SBT também se rende às cenas de ação que fazem sucesso na concorrente Record. Perseguições e tiroteios entre traficantes e a polícia estão nos primeiros capítulos. Outra estratégia usada é retratar uma família negra bem-sucedida.

Além de atrair um público diferenciado, Íris também aproveitou sua condição de evangélica para tentar atrair uma fatia deste público. Tanto que uma das personagens, Meg, de Ângela Corrêa, é inspirada em uma mulher abandonada no lixo quando bebê que, prestes a se prostituir para se sustentar, se converteu.

"A idéia é unir histórias que possam agradar a todos, sem focar num determinado tipo de telespectador", analisa Davi Grimberg, como se isso fosse suficiente para manter a audiência. Isso sem contar com o núcleo cômico, onde funciona uma espécie de ‘academia do sexo', com exercícios que melhoram a incontinência urinária feminina e aumentam o apetite sexual.

SEM MUDANÇAS - Ao contrário das outras novelas exibidas nas emissoras concorrentes, Revelação não é uma obra aberta. Todas as cenas já estão gravadas e, por isso, se algo der errado no ar, não tem como voltar atrás. "Isso assusta um pouco", entrega Tainá Müller, que até então só tinha participado de uma parte da novela Eterna Magia, exibida pela Globo no ano passado.

Sérgio Abreu também se mostra tenso com a estréia, mas garante estar confortável com o ‘esquema do SBT'. "Tanto que renovamos o contrato. Fico na emissora até o fim de 2009", justifica. Para Íris, não há perigo em ter a novela já pronta. "Fizemos pesquisas de opinião com noveleiras. E o Silvio também recrutou suas ‘colegas de trabalho' para avaliarem as cenas aos poucos", revela, referindo-se às mulheres do auditório do programa do ‘patrão'.

Mesmo com Revelação já gravada, Íris Abravanel não descansa. A autora já trabalha em cima da adaptação de Vende-se um Véu de Noiva, radionovela de Janete Clair que substituirá Revelação em 2009.

E, apesar de saber que corre o risco de ser criticada por ser a mulher de Sílvio Santos, aproveita essa proximidade para se sentir mais segura. Por exemplo, ela tem certeza de que o marido não tirará sua novela do ar. Nem mudará o horário sem aviso prévio. "Ele já viu que não funciona. Só afasta ainda mais o público", reconhece.

 




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