"Nosso salário continua defasado", reclama o pedreiro Josias José da Silva, de 33 anos, que trabalha há dois anos no empreendimento. Ele reconhece que o reajuste deste ano foi maior que os anteriores, mas afirma que os descontos pelos 29 dias de greve consomem parte do aumento. "Acaba não fazendo muita diferença", diz o trabalhador, que sai de casa antes das 5h30 e às vezes só retorna às 20h.
A reportagem solicitou há duas semanas à Petrobras o agendamento de uma visita ao Comperj, mas a estatal alegou que precisaria de mais tempo para autorizar a entrada no local. A equipe tentou permanecer em frente à entrada principal de veículos - uma estrutura que lembra um posto de pedágio - para entrevistar os trabalhadores, mas um segurança impediu, argumentando que já se tratava de área da empresa. A cerca de um quilômetro, andando por um trecho sem asfalto, enlameado pela chuva da noite anterior, foi possível encontrar operários chegando para a jornada, num local onde trabalhava uma equipe de sinalização da via.
A receita que levou operários de grandes obras de todo o País a obter aumentos acima da inflação é dita de prontidão por quem trabalha nos canteiros: "Essa foi a única greve que durou mais, por isso saiu esse reajuste", diz Fábio Oliveira, de 23 anos, antes de entrar correndo no ônibus.
A ferramenta de pressão pode ser usada novamente na próxima campanha salarial. De acordo com trabalhadores que não quiseram se identificar, eles cruzarão os braços novamente em janeiro se as negociações com as empresas não avançarem. O aumento pedido desta vez é de 12%.
Longe das discussões sobre a greve, a auxiliar de serviços gerais Maria da Luz dos Santos, 36 anos, comemora o aumento. Ela conta que, ao sair de uma empreiteira e ser contratada por outra, teve um ganho de R$ 200 no salário e de R$ 100 no vale-alimentação. "O preço de tudo está subindo, então esse aumento é importante", diz. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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