A presença de grandes empresas nem sempre resulta em alto grau de desenvolvimento para os municípios. Prova disso são as características sociais e urbanísticas de uma das três cidades com o maior valor, em reais, de produção de riquezas por habitante: São Francisco do Conde, na Bahia, Porto Real, no Rio de Janeiro, e Louveira, no interior de São Paulo.

Isso é o que aponta cruzamento de dados recém-lançados sobre os PIBs (Produtos Internos Brutos) municipais com informações do Censo 2010, ambos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

As três cidades têm algumas semelhanças, como populações enxutas e a presença de unidades de grandes corporações, que são responsáveis pela maior parte do PIB das cidades.

Não é a primeira vez que São Francisco do Conde conquistou a liderança. Em 2010, ela já tinha o maior PIB per capita no País. Isso significa que, na média, a cidade produziu R$ 296,9 mil para cada cidadão. Grande parte desta riqueza é gerada pela RLAM (Refinaria Landulpho Alves), da Petrobras. Esta é a segunda maior refinaria em capacidade instalada de refino no País.

Além disso, cidade contava ainda, em 2010, com 505 empresas atuantes, sejam elas desde micro até grandes. Somente os salários e outros tipos de remunerações das cerca de 16.487 pessoas assalariadas somaram R$ 368 milhões naquele ano, média de R$ 22,3 mil por trabalhador, sendo R$ 1.717 por mês considerando o 13º salário. Mas os números positivos acabam por aí.

O município baiano tinha 33.183 habitantes em 2010. Entre os 9.429 domicílios, apenas 60% tinham saneamento básico considerado como adequado. Para se ter uma ideia da situação, Santo André, por exemplo, na 446ª posição nacional com R$ 25.609,30 de PIB per capita tem 215.617 residências e 95% delas têm saneamento adequado.

Neste mês o C-Micro/EESP-FGV (Centro de Microeconomia Aplicada da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas) lançou o ISDM (Indicador Social de Desenvolvimento dos Municípios). Este é um termômetro do desenvolvimento municipal. E São Francisco do Conde ficou posicionada na 2.556ª posição no ranking nacional.

A carioca Porto Real é a segunda maior do País em PIB per capita, com R$ 290,8 mil. É lá que a PSA Peugeot Citroën Brasil mantém uma de suas cinco unidades brasileiras, a Porto Real - PMVB (Produção Mecânica e Veículos Brasil). A montadora é uma das 392 empresas atuantes que mais contribuem para a geração de riquezas, conforme análise do IBGE. A cidade tem 16.592 habitantes.

As condições por lá são bem melhores do que em São Francisco do Conde. O ISDM da cidade é o 210º do País e está bem acima da média nacional. O salário médio mensal dos trabalhadores por lá era de 4,6 salários-mínimos, que em comparação com o Grande ABC, só perde para São Bernardo, que tinha média de 5,1 salários-mínimos e era dona do sexto maior PIB industrial do Brasil de R$ 12,9 bilhões e PIB per capita de R$ 46.495,62, 104º no País.

A uma hora e meia de distância, de carro, do Grande ABC está localizada a cidade com o terceiro maior PIB per capita do País. O município, com 37.125 louveirenses, produziu R$ 240 mil por morador em 2010.

Segundo o IBGE, esse resultado era sustentado pela quantidade de centros de distribuições de grandes empresas instalados na cidade. Várias empresas que vendem eletroeletrônicos, alimentos e produtos de higiene mantêm suas unidades de armazenamento e logística no município. São Caetano é a mais bem posicionada do Grande ABC, em 49º com PIB per capita de R$ 73.605,89.