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Muito tiro no alvo errado

Há advogados sendo ofendidos e ameaçados de agressão por gente que não gosta dos réus que defendem. H

Carlos Brickmann
11/03/2012 | 00:00
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Há advogados sendo ofendidos e ameaçados de agressão por gente que não gosta dos réus que defendem. Há advogados, e muitos, que sobrevivem só com as migalhas que o Governo paga para que defendam réus sem recursos. Mas a OAB do Rio não está parada: quer tirar o crucifixo do plenário do Supremo.

Diz o presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, que, sendo o Brasil um Estado laico, não pode privilegiar uma religião; logo, o crucifixo no Supremo é inconstitucional. Infelizmente, falta do que fazer não é inconstitucional.

Há religiões; também há a tradição, há também a história. A Inglaterra é um Estado onde há plena liberdade religiosa e a rainha é a chefe da Igreja. A Suécia tem plena liberdade religiosa e uma Igreja oficial, a Luterana Sueca. A bandeira de nove países europeus onde há plena liberdade religiosa exibe a cruz.

O Brasil tem formação cristã; a tradição do país é cristã. Mexer com cruzes e crucifixos vai contra esta formação, vai contra a tradição. A propósito, este colunista não é religioso; e é judeu, não cristão. Mas vive numa cidade que tem nome de santo, fundada por padres, numa região em que boa parte das cidades tem nomes de santos, num país que já foi a Terra de Santa Cruz. Será que não há nada mais a fazer no Brasil exceto combater símbolos religiosos e tradicionais?

Se não há, vamos começar. Temos de mudar o nome de alguns Estados e de cidades como Natal, Belém, São Luís e tantas outras. E declarar que a Constituição do país, promulgada "sob a proteção de Deus", é inconstitucional.

Só os crucifixos?

Há vários símbolos da Justiça, sendo os mais conhecidos a balança e a moça de olhos vendados. A balança vem de antigas religiões caldéias. Simboliza a equivalência entre crime e castigo. A moça é Themis, uma titã grega, sempre ao lado de Zeus, o maior dos deuses. Personifica a Ordem e o Direito. Como ambos os símbolos são religiosos, deveriam desaparecer também, como o crucifixo?

Agora, vai

O ministro da Educação, Aloízio Mercadante, criou as Diretorias de Políticas de Educação do Campo, Educação Indígena e Relações Étnico-Raciais. Pelo jeito, só falta dinheiro na hora de cumprir a lei e pagar direito aos professores.

Educando menos

O editor Jayme Serva, da Neotropica, faz um comentário preciso sobre o esforço do Governo na Educação. Transcrevendo: "Nossos governantes são voltados prioritariamente para as políticas sociais, certo? Educação, por exemplo, certo? Errado: a Universidade brasileira formou, em 2010, 24 mil pessoas A MENOS do que formou em 2004. ‘Ah, Jayme, seu elitista! O foco de um governo popular é o Secundário!' Ah, bom! Pois entre 2003 e 2010, o número de diplomados no ensino médio caiu em média 0,5% ao ano. ‘Ah, Jayme, esses números são do Serra!' Esses números são da Fapesp. ‘Pô, Jayme...'"

Racha geral

A derrota da presidente Dilma no Senado não significa apenas que seus aliados estão descontentes com ela. Os aliados estão descontentes, também, uns com os outros. No Senado, a bancada do PMDB acha que só os pedidos de José Sarney e Renan Calheiros são atendidos. No Congresso inteiro, todos os partidos aliados a Dilma acham que o PT vem sendo privilegiado, para que se fortaleça nas eleições. Nada que algumas nomeações não resolvam, mas é preciso balanceá-las um pouco melhor: se o PT continuar favorecido, a guerra segue.

Briga aliada

Note uma curiosidade no perfil do descontentamento do Congresso: a oposição não participa das manobras que levam ao desgaste da presidente Dilma. Não precisa: os aliados cuidam disso. E, claro, quem não existe não participa.

Ponto de encontro

Tudo indica que a vice-prefeitura na chapa de José Serra será ocupada por uma mulher, indicada pelo PSD do prefeito Gilberto Kassab: a atual vice-prefeita e secretária de Assistência Social Alda Marco Antônio. Eficientíssima, grande conhecedora da área social, trabalhadora compulsiva, Alda começou na política ao lado de Ulysses Guimarães, criando a Comissão de Mulheres do MDB, e de Franco Montoro, de quem foi secretária do Trabalho. Em Governos seguintes, como secretária do Menor, criou 14 programas de atendimento à criança. Oito foram escolhidos pela Unicef, órgão da ONU, como modelos para outros países.

Guerra paulista

Em São Paulo, o governador tucano Alckmin tomou uma bela surra em seu quintal: os candidatos que levou ao Conselho da Fundação Padre Anchieta, que mantém a TV Cultura, não foram eleitos. Alckmin quer Marcos Mendonça, que já foi secretário da Cultura e presidente do Conselho da Fundação, como conselheiro. O presidente do Conselho, João Sayad, serrista e ex-secretário da petista Marta Suplicy, resiste: sabe que Alckmin quer é botar Mendonça em seu lugar. Kassab, aliado de Serra (e, portanto, de Alckmin, diria a lógica, se lógica houvesse), está de acordo com todos, mas seus representantes não apareceram para votar em Mendonça. Na terça há nova batalha. E Alckmin ameaça democraticamente tirar os cargos de quem não votar em quem ele manda.




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