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Grande ABC tem aval do Estado para iniciar retomada da economia

Região migra de faixa, o que autoriza reabertura de comércio de rua e shoppings a partir de 2ª

Fábio Martins
Vanessa Soares
Do Diário do Grande ABC
10/06/2020 | 23:30
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Divulgação/Governo do Estado


O governador do Estado, João Doria (PSDB), confirmou ontem a reclassificação do Grande ABC dentro do Plano São Paulo e autorizou as sete cidades, assim como os demais municípios da Região Metropolitana, a migrarem para a faixa laranja, que permite início da retomada das atividades econômicas diante da flexibilização para abertura de setores, com restrições, a exemplo de comércio de rua, imobiliárias, escritórios de serviços, concessionárias e shoppings centers.

Com a oficialização da mudança na região, a nova fase será efetiva a partir de segunda-feira, quando irá começar outro período de quarentena – o quinto consecutivo decretado pelo Estado – até dia 28 de junho, na tentativa de frear o avanço da pandemia de novo coronavírus. Entre as restrições impostas estão horário reduzido de funcionamento das atividades, com expediente diário de, no máximo, quatro horas, e série de regras sanitárias, como aferição de temperatura e disponibilização de álcool em gel.

Secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi (PSDB) destacou que com o reforço da capacidade hospitalar do Grande ABC no período, tendo comprovação do aumento de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e novos respiradores, além de achatamento da evolução da doença, foi possível essa passagem de faixa. “Quero registrar grande esforço. Com isso, conseguimos chegar aos 68% da ocupação no Grande ABC, sendo que o número era superior aos 86% na análise feita há 14 dias. O que nos preocupa ainda é a variação de óbitos durante o período e isso leva a região para a próxima fase como destaque negativo. Positivo é fortalecimento do número de leitos.”

Ao todo, 11,4 milhões de pessoas moram em cidades com quadro de melhora, incluindo também a Baixada Santista e a região de Registro. O índice de 68% de ocupação de leitos de UTI poderia colocar o Grande ABC até na faixa amarela, mas outros critérios impedem esse progresso. De acordo com gráfico apresentado pelo Estado, a variação de mortes em uma semana está em 1,63, o que figura na laranja – pior classificação dos pontos baliza a fase. O número de leitos a cada 100 mil habitante é de 29,3, melhor que a média estadual, de 18,1, e bem próximo ao da Capital, que ficou em 31,6. A variação de novos casos está em 1,25, enquanto de internações registra 0,97.

Doria reafirmou que não cederá a pressões para afrouxamento das medidas e que, em caso de queda nos índices, poderá haver regressões. O anúncio apontou endurecimento de cinco regiões (Ribeirão Preto, Barretos, Presidente Prudente, Araraquara e Bauru), o que indica crescimento da Covid no Interior. Prudente e Barretos recuaram duas fases, passando da amarela direto para a faixa vermelha, de alerta máximo, na qual está o Grande ABC e apenas é liberado o funcionamento de serviços essenciais. Não existe mais nenhum município na amarela. Ribeirão Preto, por sua vez, estava na laranja e foi para a vermelha. Campinas e Sorocaba entraram em sinal de alerta e correm risco de dar passo atrás na próxima análise estadual.

TRANSIÇÃO
O Grande ABC ficou estagnado por duas semanas na faixa vermelha, situação que gerou desgaste político. Isso porque, na ocasião, a Capital, gerida por Bruno Covas (PSDB), foi a única cidade da Grande São Paulo a deixar a Fase 1 ao se descolar do grupo, formado por 39 municípios, a despeito da proximidade entre eles. Na semana seguinte, Doria subdividiu as regiões. Apesar da restrição, a maioria dos prefeitos da região publicou decreto no sábado permitindo a reabertura de escritórios e concessionárias de veículos, na esteira de São Paulo. Parte das medidas, contudo, foi alvo de ação do Ministério Público. A Justiça concedeu liminar determinando revogação em São Bernardo e Diadema. São Caetano revogou o texto de relaxamento.

Cidades irão aguardar validação do prazo, na segunda-feira

Diferentemente da postura anterior, quando na cola da Capital anteciparam medidas de flexibilização mesmo fixadas na Fase 1 (vermelha), as prefeituras do Grande ABC irão aguardar a validação do prazo estabelecido pelo governo do Estado para implementar novo cronograma de ampliação dos setores da economia somente a partir de segunda-feira.

Depois de reabrir escritórios e concessionárias – modelo seguido pela região –, São Paulo resolveu liberar o funcionamento ontem de comércios de rua e hoje shoppings centers. Esse procedimento, contudo, não será praticado nas sete cidades antes da liberação legal.

Cada prefeitura irá publicar um decreto municipal, de acordo com as suas peculiaridades – a formalização do texto deve ocorrer entre amanhã e domingo, com vigência na próxima semana, atendendo critério estadual. “Tivemos conquista importante, inclusive, das pessoas que praticaram o isolamento. Todo o contexto dá à região condições de evoluir à nova normalidade. Passamos a defender transição (de faixa) por causa da passagem da Capital, isonomia. Mas não iremos antecipar outros passos, até para evitar imbróglio jurídico. Não é saudável e não faria sentido gerar instabilidade por dois, três dias (de diferença)”, ponderou o prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB).

“Será seguido o cronograma estabelecido pelo plano do governo de São Paulo, que legalmente é o que todas as cidades do Estado devem seguir”, reiterou o Paço andreense. São Bernardo emendou que vai permitir o afrouxamento do funcionamento de comércios a partir de segunda, com a publicação do decreto amanhã. Mauá e Ribeirão Pires sustentaram que vão seguir as diretrizes vigentes do Plano São Paulo, que prevê a região na Fase 2 (laranja), assim como Diadema que informou que o município vai acatar as recomendações do Estado e acompanhar a mesma flexibilização mantida na Capital. “A fase laranja terá início em Diadema no dia 15 de junho.”

Presidente do Consórcio Intermunicipal e prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania) sugeriu que irá seguir o decreto estadual e a Capital para basear as decisões de reabertura. “Nenhum município vai agir de forma individual na decisão de reabrir gradualmente o comércio. Faremos uniforme, como o Consórcio tem agido, de maneira coletiva. Iremos acompanhar com calma os desdobramentos da pandemia, os avanços da doença e ocupação dos leitos de UTI.”

Continua suspensa a possibilidade de retomada do consumo interno em shoppings, salões de beleza, restaurantes e bares, além de academias e as atividades culturais e de lazer, que promovem maior aglomeração, como teatros, cinemas e parques. 




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