Pacientes que utilizam o pronto-socorro do Hospital Nardini, em Mauá, terão de se habituar a nova realidade a partir de amanhã. As especialidades de clínica médica e pediatria não estarão mais disponíveis aos usuários.

Hoje, as duas áreas representam metade da demanda diária do PS, que é de aproximadamente 1.000 pessoas. A mudança visa desafogar o setor de emergência do hospital e qualificar a assistência fornecida aos pacientes que estão em situação grave nas alas de internações. Atualmente o hospital é referência para a população de Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

A superintendente do hospital desmente a informação de que o pronto atendimento será desativado. As especialidades de ortopedia, psiquiatria, ginecologia obstetrícia e clínica cirúrgica continuarão atendendo normalmente. "Os pacientes que nos procurarem nas especialidades que não atenderemos mais receberão acolhimento. Não vamos deixar ninguém ir embora sem assistência. Nossa emergência está aberta e o Nardini continua como referência para a população de Mauá", explicou Rosa Maria Pinto Aguiar.

Com a mudança, a Prefeitura irá remanejar os pacientes que procurarem clínica médica ou pediatria às três UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) da cidade. Além das unidades do Jardim Zaíra e da Vila Assis, a UPA da Vila Magini será inaugurada amanhã, com presença confirmada do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. O investimento do governo federal foi de R$ 2 milhões em cada uma.

O hospital garantiu que uma van ficará disponível durante 15 dias na porta do Nardini, a partir das alterações. O veículo levará os pacientes para outras unidades de Saúde. A quarta UPA, no Jardim Maringá, ainda não tem previsão de entrega.

Em casos de traumas graves, os pacientes que procurarem as UPAs serão estabilizados até que seja feita a transferência. O Nardini continuará como referência, mas apenas em casos graves.

A superintendente estima que os primeiros 15 dias serão mais confusos, até que a população se acostume. De acordo com ela, para informar a novidade à população, foram espalhadas placas pela cidade, além de realização de panfletagem e orientação dada pelos funcionários no próprio pronto-socorro. A superintendente confirmou que houve remanejamento de profissionais, mas não mensurou quantos foram realocados em outras unidades de Saúde do município.

REPERCUSSÃO

Ontem à noite, o clima entre os usuários era de surpresa em frente ao hospital. Apesar das faixas que indicavam os endereços das novas UPAs, ninguém tinha conhecimento que as áreas de pediatria e clínica médica passariam a atender nas UPAs. Para o vigilante Sebastião Carlos, 43 anos, a população terá mais dificuldade para identificar quais serão as unidades de Saúde de referência. "Vai ficar aquele empurra-empurra. Não terá médico em lugar algum. Esse dinheiro deveria ter sido investido no próprio pronto-socorro do hospital", opina.

A doméstica Andrea de Cassia, 37, também não sabia das modificações. Ela passará a se consultar na UPA da Vila Magini. "Se funcionar, está bom. Só espero que os médicos não sejam grosseiros e mau educados como são os do hospital", observou. Outros pacientes afirmaram que, por conta da distância das UPAs, passarão a buscar por atendimento em Santo André.