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Longa-metragem para gays e heteros
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
12/08/2006 | 08:43
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Calhambeque. Com este título, o primeiro longa-metragem de Cristina Reis, diretora formada na Escola Livre de Cinema e Vídeo de Santo André, bem poderia ser uma cinebiografia de Roberto Carlos ou um documentário sobre a situação da frota de carros sucateados no Brasil. Não. Calhambeque é um “drama romântico gay”, nas palavras de sua autora. E uma de suas primeiras exibições públicas, amanhã de manhã, será justamente em um espaço que pretende tornar-se endereço referencial para a comunidade em questão: o Belvedere 9 de Julho, onde futuramente será instalado o Centro de Atenção ao Turista GLBT (Gays, Lésbicas, Bi e Transgêneros) de São Paulo. Depois, em setembro, o filme deverá ter projeções em Santo André.

A nova obra de Cristina, também diretora do média-metragem Fora dos Trilhos (2004), teve o título extraído da fachada de um estabelecimento homônimo, localizado no Tucuruvi (zona Norte da capital). O tal Calhambeque funciona como pizzaria de dia e boate para jovens gays à noite. “Um amigo meu me convidou para assistir a um show dele nesse lugar. Fui, me encantei e então me veio a idéia do filme”, diz a diretora.

O show a que a diretora assistiu era de transformismo (drag queen). E o intérprete acabou cooptado como protagonista do filme. Diógenes Yrvyng vive Pedro, rapaz que admira o glamour das drags e pretende inscrever-se em um concurso caracterizado como Lisa Crazy, seu alter ego maquinado com plumas e cílios postiços. Como pano de fundo, os bastidores pessoais da boate e os bastidores amorosos de Pedro.

“Eu procurei retratar esse universo gay com naturalidade, com suavidade, encontrar sonhos e histórias, tirar deles um filme agradável a gays e heteros”, informa a diretora. Calhambeque é um longa-metragem feito na raça, cuja produção consumiu cinco meses (contabilizadas a pré-produção, o período de filmagens e a pós), captado em vídeo digital. Pelo que tem escutado nas exibições iniciais – o longa já foi mostrado em São Paulo e Florianópolis –, acredita ter conseguido o instantâneo edulcorado que queria. “As pessoas têm gostado muito. As drag queens, que raramente aparecem no cinema a não ser em caricaturas, dizem se identificar com o filme”.

Calhambeque – Exibição amanhã, às 11h, seguida de debate com a diretora e o elenco, no Belvedere 9 de Julho (atrás do Masp-SP, na av. Paulista, entre as praças Nagib Ganme, Antônio Benetazzo e Geremia Lunardelli). Entrada franca. Outras exibições: dias 8 e 17 de setembro, no auditório do Teatro Municipal de Santo André.



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