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Sai calça colorida, entra aba reta
Marília Tiveron
Do Diário do Grande ABC
22/10/2011 | 07:10
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As cores berrantes das calças e o happy rock do Restart que dominaram o VMB no ano passado deram espaço neste ano para as abas retas, correntes de prata e batas hippies do rap e hip hop nacional. Criolo foi o grande vencedor da noite e faturou três das cinco indicações as quais estava concorrendo - Melhor disco, melhor música e revelação. De pouquíssimas palavras, ele apenas agradeceu a todo o conjunto pela vitória. "Estou (trabalhando) com esses dois produtores que levantaram o disco, o Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral, e é merecido para eles esse prêmio", disse.

Se as maiores esperanças estavam depositadas em Criolo e Marcelo Jeneci, o grande destaque de toda a premiação na verdade acabou sendo o rapper Emicida, que levou a melhor nas categorias artista do ano e clipe do ano. "Ovelha negra, né mano. Eu sou zica", brincou. Com discurso engajado, ele elogiou as reformulações que o prêmio sofreu neste ano, mas não deixou de criticar a falta de espaço nas mídias para os diversos gêneros brasileiros. "Eu acredito que a gente está engrenando num caminho muito bom para a música brasileira. A gente está indo fisgar desde o tecnobrega, e mantendo o rock, que já existia na programação da TV, trazendo rap, reggae, funk. Eu acho que estamos vendo uma revolução acontecer. Precisa prestar muita atenção nisso e impulsionar esse tipo de coisa para que todos os meios de comunicação façam jus a essa diversidade. Mas eu acho que o Brasil ainda não é representado. Para mim isso é muito óbvio e gritante. A representação do Brasil nos meios de comunicação é gente branca e do Sudeste."

Mas...e o Marcelo Jeneci? Se excluirmos a performance dele ao lado de Erasmo Carlos interagindo com Mallu Magalhães e Arnaldo Antunes, dá para se dizer que ele entrou mudo e saiu calado. Não ganhou nem um único cachorrinho dourado.

Se muita gente achava que a premiação poderia ser um 'bafão', já que acontecia ao mesmo tempo da festa e no mesmo local, nos Estúdios Quanta, em São Paulo, se enganou. O momento mais constrangedor talvez tenha sido a aparição da cantora Wanessa. Assim que ela pisou no palco era possível ouvir da plateia gritos com o nome de Rafinha Bastos, com quem ela protagonizou recentemente um dos maiores bafafás da TV, após o humorista ter dito que "comeria ela e o bebê dela" durante o programa "CQC" (Band).

Durante a festa, que continuou rolando após a premiação, foi possível constatar: este VMB foi muito diferente. E para melhor. Menos pop, mais eclético, ele conseguiu atingir o seu objetivo de voltar às origens e retomar o posto de principal prêmio da música brasileira.

Circulou muita gente diferente, estranha à massa jovem. Mas essa foi justamente uma oportunidade de conhecer esses trabalhos e assim abrir a cabeça para novos gêneros que podem, sim, cair no gosto do público. Basta que ele tenha acesso a esses sons.




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