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Comissão propõe 2 punições por trote na Medicina ABC
Artur Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
03/03/2006 | 08:14
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Uma comissão formada por pais e professores da Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André, sugeriu a suspensão de dois alunos, acusados de participação em trotes violentos. A medida será avaliada pela congregação da faculdade, cúpula de professores que atua como uma espécie de poder Legislativo dentro da instituição, e pode ser aprovada ou não ainda nesta sexta-feira. Paralelamente, a Polícia Civil começou quinta-feira as diligências para identificar veteranos suspeitos de cometerem os abusos. A fotografia publicada pelo Diário, que mostra calouros de cuecas, dentro do campus, ao lado de garotas sentadas no chão, será incluída no inquérito, segundo o delegado Alcides Vianna, do 4º DP de Santo André.

O diretor da faculdade, Luiz Henrique Paschoal, promete punições exemplares para extingüir o trote de uma vez por todas na instituição. Ele foi o responsável pela suspensão de 600 alunos em 2004, todos acusados de envolvimento nos trotes. O site da faculdade exibe o texto de portaria de 1996 proibindo trotes dentro do campus. Abaixo, o nome do presidente do Diretório Acadêmico, Pedro Moreira, e o do presidente da Atlética, Gabriel Teixeira, são citados como cientes da proibição.

Há denúncias de que os calouros, além de serem coagidos a participar de pelo menos nove dias em pedágios, tenham sido vítimas de agressões e obrigados a tomar banhos de lama em uma piscina de plástico. Apesar dos bixos que procuraram o diretor, alegando que consentiram na participar de brincadeiras como a que exigia que calouros ficassem de cuecas em pleno campus, há pelo menos dois boletins de ocorrência no 4º DP sobre o assunto. Além disso, uma menina teve insolação durante o pedágio, um rapaz ficou desidratado e cerca de dez novatos já pediram transferência da faculdade.

Quinta-feira, a reportagem tentou novamente ligar para o celular do presidente da Atlética, Gabriel Teixeira, mas não obteve sucesso. O estudante garantiu na semana passada ao Diário que não eram realizados trotes dentro do campus e que ninguém era obrigado a participar do pedágio promovido pela entidade, para arrecadar fundos para a Calomed (jogos universitários que reúnem calouros de faculdades de medicina).

Alunos do curso de Farmácia denunciam o mesmo de tratamento agressivo por parte dos veteranos. No site de relacionamentos Orkut, veteranos do curso se queixam dos calouros que se opõem ao trote. Um estudante do curso tinha quarta-feira em seu álbum de fotografias no Orkut uma imagem dele com uma pistola (ou uma réplica) na cintura. Abaixo, a seguinte legenda: “Olho na sintura (sic), calouro”. Quinta-feira, o rapaz, que se classifica como politicamente ‘autoritário‘ em seu perfil, retirou a imagem do álbum.

Reação – Antes mesmo do anúncio de eventual punição, os veteranos “deserdaram” a turma que ingressou na faculdade este ano, segundo parentes de calouros. O que, na prática, significa nada de trotes e pedágios, mas também a proibição de participação em festas e demais eventos sociais da Atlética. Familiares dos bixos contam que quinta-feira os veteranos foram até a sala onde os alunos tinham aula e deram o veredicto. O diretor da faculdade, Luiz Henrique Paschoal, afirma que alguns calouros o procuraram, alegando que queriam continuar participando dos pedágios e demais atividades promovidas pelos veteranos.



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