Inaugurado em 25 de junho como a solução para o problema dos ambulantes na região central de Santo André, o Boulevard Itambé continua com as portas fechadas, já que os camelôs recusam-se a trabalhar no local. As lojas do camelódromo, que fica ao lado do ABC Plaza Shopping, permanecem desocupadas.

A resistência dos ambulantes em fazer a mudança é alimentada pela incerteza de que haverá público no camelódromo. Eles dizem não ter garantias de que a população utilizará o espaço como rota de acesso à Rua Itambé ou à Avenida Industrial e por isso preferem manter-se nas áreas que ocupam atualmente - ao redor do Terminal Santo André da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) e da Estação Celso Daniel da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) - ao invés de arriscarem-se a ficar sem clientes.

O fato de não poderem vender produtos piratas também estaria prorrogando a ida dos ambulantes para o local.

Construir o camelódromo em uma área tão disputada pelo comércio informal saiu caro para a Prefeitura. Cerca de 65% dos R$ 2 milhões investidos na conclusão da obra foram usados na aquisição do terreno. O intuito era justamente garantir que haveria público para os ambulantes, que segundo a administração municipal seriam "parceiros" no empreendimento.

O bulevar foi construído para abrigar 133 camelôs. Tem energia elétrica, água e gás encanados e banheiro para os comerciantes. Mas esses benefícios ficam em segundo plano frente à expectativa de queda nas vendas. "Ninguém quer vir para cá. O corredor fica vazio o dia inteiro. Nós vamos deixar de vender e de faturar", reclama um ambulante que pediu para não ser identificado.

Ultimato - A Prefeitura deu prazo até o próximo dia 12 (segunda-feira) para que os camelôs saiam dos locais onde estão e ocupem o camelódromo. Após essa data, as mercadorias nas ruas serão apreendidas. "É o ultimato que eles nos deram. Vão enfiar esse negócio (o bulevar) goela abaixo", afirma outro camelô.