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Seu eu pudesse retornar ao passado
Sara Saar
Do Diário do Grande ABC
15/08/2010 | 07:01
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"Se eu pudesse fazer um pedido a Deus, seria para voltar ao passado, porque eu amo Elvis Presley ". A declaração do cover andreense Alvaro Martins Alonço Neto, 30 anos, traduz o pensamento de muitos jovens que hoje são fãs extemporâneos - admiradores de bandas que não existem mais e de músicos que já morreram.

Alvaro, que tem o pseudônimo Elvinho, não passa um dia sem ser notado nas ruas. "Pela costeleta, o pessoal já sabe que sou fã. ‘Elvis não morreu' é o que mais escuto. Mas adoro o passado, curto os anos 1970. Se pudesse, andaria de boca de sino todos os dias, com os carrões que marcaram época", garante o intérprete.

As semelhanças entre o fã e Elvis Presley (1935-1977) são significativas, tanto na aparência (olhos azuis e cabelo loiro tingido de preto) quanto na vida (filho único e motorista de caminhão quando mais novo).

Tais coincidências ajudam. Alvaro é cover profissional de Elvis há dez anos, mas começou a gostar do ídolo aos 8, quando chegou da escola e assistiu ao filme Feitiço Hawaiano. "Vi o Elvis dançando. Aquela magnitude, aquela energia dele me prendeu na sala. No outro dia, já estava perguntando para a professora quem era Elvis", lembra.

Um das maiores faltas é não ter conhecido o Rei do Rock. "Todos os anos, no dia 16 de agosto (dia da morte do cantor), desde que eu me lembro como gente, eu fico muito triste, bate uma saudade muito grande como se o Elvis tivesse feito parte da minha família", confidencia. E logo completa: "Porque da minha vida ele faz".

A placa ‘Elvis Presley BLVD', fixada acima da porta de entrada, já avisa que naquela casa mora uma família apaixonada. De fato, surpreende. O ídolo é encontrado nas mais diversas formas (livros, discos, chaveiros, copos) em todos os cômodos, até no banheiro há quadros.

Trata-se de uma verdadeira admiração de Elvinho e de sua mulher Silvia - inclusive se conheceram no fã clube Gang'Elvis. O número de itens é incontável. Todo o acervo ainda está distribuido pela casa de sua mãe e pela sapataria de seu pai.

A tendência é só aumentar a quantidade de lembranças. "Sou daquele tipo de fã que até hoje, se achar relíquia e puder adquirir, eu guardo". afirma. Outra fonte são os presentes comumente recebidos durante os shows.

Em algumas apresentações, já aconteceu de pessoas chorarem. Alvaro sempre diz: o Elvis é ‘inimitável'. "Faço uma homenagem digna, porque show quem dava era só o Elvis. Você tem de ser realista e saber dividir", aponta. E completa: "Fãs quem merece era ele, até porque não sou um ídolo, não estou criando um estilo peculiar. Todas as honras são para ele".

Para quem deseja ser cover do Rei do Rock, Elvinho sugere: "Você precisa ter um visual e escolher uma fase para homenagear. Nunca faça algo caricato, mas um tributo dentro de suas possibilidades".

 

Tudo pelo ídolo

Histórias inusitadas que envolvem o amor por Elvis Presley são muitas na vida do cover Alvaro Martins Alonço Neto, de Santo André. Uma tarde é pouco para reviver as lembranças.

Na infância, era difícil adquirir itens do Rei do Rock até encontrar alternativa, claro. "Por semanas, aos 10 anos, troquei lanches na escola por imagens do Elvis. Falava para a minha mãe que estava comendo. Estava era mentindo", revela.

E quando soube, aos 14, que passaria um festival do ídolo na televisão? "Falei para o meu pai que estava doente, que não estava legal. Cheguei a faltar na escola para assistir aos filmes. Não tinha como comprar vídeo cassete", alega.

Momento eternizado é a festa de 15 anos, para a qual cerca de 80 amigos foram convidados. "Foi todo mundo embora porque só tocou Elvis. Eu fiquei sozinho. Tenho foto disso em casa, guardada", lembra.

Quando, aos 17 anos, pintou o cabelo de preto pela primeira vez, chamou muita atenção. "Mas de mil alunos rindo da minha cara. A professora não conseguia nem passar lição na lousa. ‘Alvaro, menino loirinho, de olho azul, pintar cabelo de preto?' Professora, pintei por causa do Elvis. ‘Mas Elvis já morreu, minha Nossa Senhora'", reproduz a conversa.

O ídolo também já o salvou na estrada. Policiais pararam o cover por causa do insulfiml, fundamental para fazer supresa quando segue para os shows caracterizado. Segundo Alvaro, o oficial disse: "Pode ser que eu te libere porque eu sou fã de Elvis".

Casado, ele tem planos de ter um bebê. Se for menino, óbvio, será Elvis. "Só quero que um dia, quando não estiver mais aqui, perguntem o porquê de Elvis. E ele diga: ‘meu pai era apaixonado pelo Elvis Presley'. Espero que ele também tome conta de tudo o que vamos deixar com carinho", diz.

O maior sonho é de conhecer a mansão Graceland, onde Elvis viveu e atualmente é museu dedicado ao cantor. "Tive o visto negado duas vezes. Inclusive tatuei Elvis no braço para tentar o visto", enfatiza. Por enquanto, sua maior preciosidade é uma pedra do túmulo que um amigo trouxe da mansão. (Sara Saar)




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