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Terapia em pet shop traz benefícios a autistas

Projeto desenvolvido por clínica de São Bernardo auxilia na inclusão e autonomia de pacientes

Por Bianca Barbosa
Especial para o Diário
12/03/2018 | 07:07
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André Henriques/DGABC


O transtorno de espectro autista está presente em uma a cada 100 pessoas, de acordo com o CDC (Center of Deseases Control and Prevention), Centro de Controle e Prevenção de Doenças, na tradução, agência do departamento de Saúde dos Estados Unidos. Tendo em vista os benefícios da terapia com animais para pacientes com o diagnóstico e a necessidade de inclusão deste público no mercado de trabalho, clínica de São Bernardo iniciou programa pioneiro para capacitar jovens com autismo em pet shop.

Após estudo prévio de cada caso atendido pela clínica Arte Psico, os pacientes são encaminhados para realizar atividades práticas com os animais de estimação. Os jovens aprendem desde a dar banho e a secar cães e gatos até a cuidar da administração, marketing e venda de produtos na loja.

Uma das beneficiadas é a jovem Tayná Barbosa, 20 anos, encaminhada pelo especialista devido sua afinidade com cães. Considerada tímida pela família, ela só recebeu diagnóstico de autismo aos 19 anos. Conforme disse a mãe, a dona de casa Keila Peigo Barbosa, 55, investigação sobre a dificuldade de relacionamento com as pessoas foi o que motivou análise médica. “Ela era quietinha. Via os outros socializando e se isolava. Sofreu muito bullying na escola e, com o tempo, se tornou depressiva”, ressalta a mãe.

Segundo a mãe, Tayná se transformou em nova pessoa após o início das atividades práticas. “Antes do tratamento, era completamente diferente. É uma realização. Às vezes, nem acredito no que vejo”, destaca Keila.

Enquanto a equipe do Diário entrevistava a terapeuta, Tayná se dedicava a dar banho em um cachorro, atenta e delicada. Apesar de ainda ter dificuldade em segurar os animais com firmeza para não deixá-los escapar, ela se esforça e evolui a cada dia, conforme conta a especialista. “Agora ela vai aprender sobre marketing, a vender os produtos da loja e a dar troco”, observa a psicopedagoga especializada em autismo e pet terapeuta, Thainara Morales.

Como parte da proposta terapêutica, Tayná começou a voltar para casa sozinha após as atividades no pet shop, o que inclui trajeto feito por meio de ônibus municipal. Até então, a jovem era acompanhada pela mãe no percurso.

A terapia com animais foi a decisão certa para a jovem, considera Thainara. Segundo ela, as atividades desempenhadas no projeto têm o intuito de proporcionar autonomia. “Ela aprendeu a maioria das coisas aqui no pet shop. Estamos procurando empresas que ajudem nos cursos profissionalizantes”, diz. A clínica busca por parceiros que disponibilizem espaço para que pacientes possam aprender o ofício.

O autismo se configura por meio de grupo de desordens do cérebro, que podem ser notadas já no nascimento ou ao longo da vida. Em geral, as pessoas com este transtorno têm dificuldade na comunicação e possuem comportamentos repetitivos. A intensidade dos distúrbios varia entre os pacientes. 




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