No dia em que o Diário denunciou a facilidade com que pessoas continuam a frequentar o lago artificial conhecido como Tancão da Morte, localizado no antigo Parque Guaraciaba, em Santo André, a Prefeitura reforçou a segurança no local. Ontem, o portão que dá acesso à área a partir da Avenida Valentim Magalhães, permaneceu trancado durante todo o dia.

A equipe do Diário esteve no local por duas vezes – pela manhã e à tarde – e em ambas havia corrente com dois cadeados impedindo a entrada na área. Por volta das 12h30, foi observada a troca de guardas-civis, provavelmente em razão do horário de almoço. Segundo a população do entorno, a movimentação acontece diariamente.

O cenário difere do visto na quinta-feira. Naquela data, a reportagem teve livre acesso ao local e flagrou dez pessoas – jovens com idade entre 10 e 19 anos – nadando no tancão, apesar da existência de base da GCM (Guarda Civil Municipal) dentro da área verde de aproximadamente 550 mil metros quadrados.

O prefeito Carlos Grana (PT) voltou a afirmar ontem, durante entrevista coletiva, que a Prefeitura reforçará a fiscalização no local, normalmente feita por dois guardas-civis a cada hora.

Além disso, o chefe do Executivo reiterou a promessa de revitalizar a área verde para atender o desejo da população do bairro. Para isso, Grana não descarta pleitear auxílio dos governos estadual e federal, além de utilizar verba própria. “Hoje não temos projeto pronto, mas há proposta de transformar o espaço num parque e aproveitar aquela área nobre.”

O secretário de Gabinete, Tiago Nogueira, ressaltou a dificuldade em monitorar o terreno, tendo em vista a existência de trilhas por dentro da mata a partir dos morros das comunidades Kibon e Cidade São Jorge – os dois principais pontos de acesso da população ao tanque de água.

Além disso, Nogueira ressaltou a aplicação de multa no valor de R$ 1 milhão por parte da Justiça em caso de novas mortes. “Na história do tancão já morreram 56 pessoas. A parte rasa tem 15 metros.”

Apesar da existência da penalidade, as mortes continuam. A última foi registrada em setembro de 2011, quando a estudante Paola Gabriela Nascimento, 11 anos, nadava com uma amiga no lago artificial e se afogou.

O Parque Guaraciaba foi desapropriado pela administração municipal em 1989, mas passou a ser administrado pela Prefeitura em 2005. O reservatório de água foi formado a partir de um porto de areia. (Colaborou Fábio Martins)