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Reciclagem de lixo gera R$ 100 milhões
Por Mariana Oliveira
Do Diário do Grande ABC
05/06/2005 | 08:55
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 Um mercado que movimenta pelo menos R$ 100 milhões por ano no Grande ABC. A reciclagem de lixo está se tornando uma grande oportunidade de geração de emprego e negócios para empresas e população de baixa renda, de acordo com estimativas de empresários e cooperativas da atividade.

O potencial do setor é grande, já que o crescimento médio no Brasil é de 25% ao ano, segundo o Cempre (Compromisso Empresarial para Reciclagem). "Somente 11% do lixo reciclável é reciclado no país. Apesar disso, o mercado movimentou mais de R$ 4 bilhões no ano passado e empregou cerca de 1,5 milhão de pessoas, entre formais e informais. Temos de ressaltar que o mercado é valorizado pela questão ambiental, mas é impulsionado pelo fato de ser lucrativo", diz a presidente da entidade, Juliana Nunes.

Potencialmente, todo o lixo urbano, exceto o orgânico, pode ser reciclado. O grande problema é que nem sempre os produtos recicláveis são reciclados, devido ao valor de mercado. Por exemplo, um quilo de lata de alumínio prensada e limpa custa, em média, de R$ 3,80 a R$ 4. "Já um quilo de lata de aço vale, em média, de R$ 0,30 a R$ 0,38. Por isso, cerca de 40% do aço é reaproveitado enquanto quase 100% do alumínio é reciclado", completa Juliana.

No Grande ABC, existem representantes de todos os níveis da cadeia do processo de reciclagem, que é composta por catadores informais, que são em grande quantidade mas ganham menos sobre a reciglagem; por pequenos a médio sucateiros e cooperativas de trabalho, que são em muitos e lucram mais sobre o produto do que os individuais; pelos processadores, que são em pequeno número mas têm mais tecnologia; e pelas recicladoras, que são escassas e faturam mais por comercializarem direto para as indústrias.

A Plaspioli, de Diadema, chegou recentemente ao mercado dos formais - há cerca de dois meses -, e pertence ao grupo dos pequenos e médios sucateiros. A empresa opera há três anos com reciclagem, mas só agora conseguiu se formalizar. "Compramos plástico de pequenos sucateiros e cooperativas e o separamos. Em seguida, revendemos para processadores de plástico," diz o empresário Renato Pioli. Ele emprega atualmente oito pessoas e pretende, em breve, comprar uma nova máquina para ampliar a atuação.

Na entidade assistencial Lar da Mamãe Clory, em São Bernardo, a reciclagem exerce duas funções: gera trabalho e renda para 33 pessoas e ajuda a pagar os que gastos de 80 crianças e 18 idosos que moram no local. Os trabalhadores são contratados como diaristas e trabalham duas vezes por semana. Em média, os trabalhadores recebem de R$ 150 a R$ 180 mensalmente.

Umas das trabalhadoras da entidade é Maria Regina Pereira, moradora do Jardim Calux, em São Bernardo. Ela trabalha há pouco mais de um ano na separação dos recicláveis. Nos três dias da semana que restam, faz bicos como faxineira em casas de família.   Por 15 anos, trabalhou como coordenadora de impressão de uma indústria gráfica e chefiava 500 operários. Segundo ela, seu salário representaria atualmente cerca de R$ 2 mil por mês.

Construção civil - Segundo o Sinduscon (Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado de São Paulo), cerca de 50% dos resíduos urbanos são entulhos da construção civil. Para auxiliar na destinação dos resíduos, a Urbem, de São Bernardo, atua com reciclagem de entulhos de obras. A empresa é, segundo o Sinduscon, a única do Grande ABC a atuar nesse mercado. Além disso, é uma das primeiras indústrias privadas de reciclagem de resíduos do Brasil.

De acordo com o gerente administrativo, Marcelo Baldin, o concreto reciclado pode reduzir em até 40% o custo total da obra. "A areia reciclada, por exemplo, custa 40% do preço da natural. A única limitação é seu uso no concreto estrutural, que só pode representar 20% da obra. No caso de piso, pode ser utilizado integralmente."

A Urbem foi fundada em janeiro deste ano e já tem como principais clientes a prefeitura de São Bernardo, que utiliza 70% da produção, e a construtora MZM, de Santo André.

A Aparas São Judas, de Diadema, é uma das principais empresas processadoras de recicláveis do Grande ABC. Dividida em três empresas, cada uma responsável pelos setores de ferrosos, papéis e plásticos, emprega cerca de 120 pessoas. Com experiência no mercado e clientes como Grupo Votorantim e Melhoramentos, o supervisor comercial, Roberto Souza estima que o mercado de reciclagem na região movimente pelo menos R$ 8 milhões por mês.




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