Setecidades Titulo
Carro desgovernado atropela 14 em ponto de ônibus em S.André
Por Luciana Sereno e
Luciano Vicioni
Do Diário do Grande ABC
23/06/2005 | 07:53
Compartilhar notícia


Quatorze pessoas feridas foi o saldo de um atropelamento por volta das 10h45 desta quarta, no Centro de Santo André. As vítimas estavam em um ponto de ônibus na avenida Queirós dos Santos quando a comerciante S.A., 43 anos, que dirigia um Fiat Uno, perdeu o controle do carro. O veículo subiu a calçada, derrubou uma placa de orientação de trânsito e atingiu os pedestres. Com a pancada, os bancos do abrigo foram derrubados. Sapatos de vítimas foram jogados à distância.

José Oliveira, 45 anos, foi socorrido pelo helicóptero Águia da Polícia Militar e levado ao Hospital das Clínicas, em São Paulo. Ele corre o risco de ter uma perna amputada. De acordo com os policiais militares que atenderam a ocorrência, ele ficou prensado entre o carro e os alicerces de ferro do abrigo de ônibus e perdeu muito sangue.

As outras vítimas foram levadas para o Centro Hospitalar da cidade. À noite, o quadro clínico mais grave era o de Livia Patrik dos Reis. A nota oficial emitida pela Prefeitura, que chegou à reportagem às 17h30, informou que ela passava por cirurgia neurológica. A assessoria de imprensa não soube informar se havia risco de morte.

Até as 17h, outras oito vítimas que sofreram escoriações leves já haviam sido liberadas. Entre elas, estavam duas crianças de 11 anos e 3 anos. A nota da administração informou ainda que Cosma Ribeiro Silva e Vera Lúcia Santos Guedes permaneciam na sala de emergência, em observação. Genura Luciana dos Santos aguardava transferência para realizar cirurgia ortopédica e Ida Malhiani seria transferida para um hospital particular, que atende pelo seu convênio de saúde. As idades das vítimas não foram informadas.

O acidente provocou congestionamento na região central. O trânsito ficou impedido por cerca de 20 minutos na rua General Glicério para que o helicóptero pudesse pousar em um estacionamento e socorrer a vítima. O tráfego também ficou complicado na avenida 15 de Novembro. Equipes do departamento de trânsito reduziram a uma faixa a passagem dos motoristas para o trabalho da perícia técnica.

A motorista do Uno, S.A. – a polícia revelou apenas as iniciais do nome dela – afirmou ao Diário que “não sabe como tudo aconteceu”. “Foi questão de segundos. Não consegui controlar o carro. Quando vi já tinha atingido as pessoas.” A comerciante havia acabado de sair do estacionamento que fica a cerca de 100 metros do ponto de ônibus onde estavam os pedestres. “Faço isso todos os dias há dez anos. Paro no estacionamento do banco para ir fazer as compras dos mantimentos que uso no meu estabelecimento. Foi fatalidade. Não tive culpa e nem intenção de machucar alguém”, afirmou S., visivelmente nervosa e abatida, enquanto aguardava para prestar depoimento no 1º Distrito Policial da cidade. Ela ainda não havia solicitado a presença de um advogado.

S.A. conta que esperou um motorista de ônibus lhe dar passagem para entrar na rua. “Estava movimentado e achei melhor esperar alguém me dar passagem. Um dos ônibus parou e o motorista me mostrava com sinais o melhor momento para eu sair do estacionamento. Quando virei a direção para entrar na rua, não sei o que houve, mas não consegui voltar o volante. Só lembro de os policiais me levarem para a viatura para evitar que a população me agredisse.” O laudo da perícia que poderá constatar se houve falha mecânica do veículo só deve ficar pronto em 30 dias.

S.A. será indiciada por lesão corporal culposa. “Ela não vai para a prisão, mas pode ser condenada a pagar multa a ser definida pelo juiz”, explica o delegado plantonista do 1º DP, Fabiano Vieira da Silva. A comerciante também pode ser processada pelas vítimas em ações civis, por danos morais e materiais.

A estudante Mariana Novaes, 16 anos, sofreu ferimentos no pé direito. Ela estava no ponto aguardando o ônibus para voltar para casa em Mauá. “A sorte foi que eu estava em pé em um dos cantos do abrigo. Foi horrível. Todo mundo começou a gritar. Pediam para os outros saírem correndo e gritavam por ajuda e socorro”. A garota disse não ter dúvida de que foi um “acidente”. Ela supõe que a motorista perdeu o controle do carro.

A dona-de-casa, S.T.S., 42 anos, foi liberada da emergência, junto com os filhos, poucas horas depois do acidente, mas ainda estava muito nervosa. “Eu só queria ir para casa. Estava saindo do banco”, disse ao colocar as mãos na cabeça inchada pela pancada.

Pânico – O comerciante José Paulo da Silva mantém uma barraca de doces exatamente ao lado do ponto de ônibus e assistiu o pânico das vítimas atropeladas. “O povo gritava. Estavam muito machucados e a maioria estava desmaiada quando o socorro chegou.” Segundo o comerciante, depois do acidente, S.A. desceu do carro e aguardou pelo socorro junto com as vítimas.

Silva conta ainda que houve muita gritaria e pânico. Depois de socorridas as vítimas, um tumulto de curiosos fez piorar o trânsito local. Calçados e pertences das vítimas ficaram perdidos. Com o impacto, alguns sapatos foram jogados metros longe. Havia poças de sangue próximo ao bancos e peças de roupa largadas no chão. O carro de S.A. teve o vidro dianteiro trincado, mas não precisou ser guinchado.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;