A Segunda Divisão do Campeonato Paulista (na verdade, equivale à Quarta, abaixo das Séries A-1, A-2 e A-3) é a porta de entrada para muitos jovens que buscam seu espaço no cenário de futebol. Tanto que tem limite de 23 anos. Mas, para outros, serve como recomeço no esporte. É nesse grupo que se encaixa o atacante Daniel, 22, que defende atualmente o Esporte Clube São Bernardo.

Apesar da pouca idade, o jogador tem experiência de veterano. Natural de Niterói, passou pelo São Bernardo FC e Guarani, mas foi pelo Corinthians que teve a grande oportunidade da carreira. Em março do ano passado, foi contratado pelo Timão e teve oportunidade de ser observado pelo técnico Tite em treinos com a equipe principal, ao lado de nomes bajulados como os de Liedson, Alex, Paulinho e Ralf, além de acompanhar Adriano, que se recuperava de lesão.

No entanto, não foi aproveitado e vestiu a camisa corintiana apenas em jogos pela equipe B, em competições menores, até ser liberado em março deste ano. Daniel, porém, garante que o insucesso no clube do Parque São Jorge neste período não afeta o presente.

"A única mágoa que ficou foi porque não consegui trazer minha família para São Paulo, mas passei um ano maravilhoso no Corinthians. Peguei experiência. Lógico que ficou a expectativa de ficar, mas acabou sendo aprendizado para mim", justificou Daniel.

Ele inocentou a agremiação da Capital por não permanecer e revelou que cometeu erros, que culminaram com a saída. "Eu não continuei por erro da minha parte. Precisava de atenção melhor fisicamente e tecnicamente. Errei nesses pontos", reconheceu. "Mas não posso ficar vivendo do passado e Deus sabe de todas as coisas e alguma coisa de bom está guardada para mim", complementou Daniel.

O jogador aproveitou para elogiar o Timão e garantiu que a equipe merece estar na semifinal da Copa Libertadores. "Os caras são diferenciados. Lá é tudo diferente. É muito bom dizer que vesti a camisa do Corinthians", admitiu o jovem atacante.

Mesmo atuando na Quarta Divisão estadual, ele confia que vai voltar a defender uma equipe grande. "Confio na minha qualidade e sei o quanto posso render. Tenho esperança que vou voltar a um bom time", garantiu o jogador. Outro motivo que o incentiva é ajudar a família. "Ainda não conquistei nada na vida", destacou.

Daniel não quis revelar quanto recebe por mês no Cachorrão, mas é pelo menos três vezes menos.

Jogador espera melhorar desempenho e marcar seu nome

O recomeço de Daniel no Esporte Clube São Bernardo não tem sido muito positivo. O atacante ainda não marcou gols e o time está na quinta colocação do Grupo 7 da Quarta Divisão. Anteontem, no clássico contra o Grêmio Mauaense (derrota do time são-bernardense por 3 a 2), teve atuação discreta, mais uma vez.

Apesar da dificuldade para se habituar à competição, Daniel garante que está feliz por defender o Cachorrão. "Aqui estou entre família. Me sinto como se estivesse em casa. Todos aqui são pessoas legais e um ajuda o outro", elogiou Daniel. Nem o salário menor atrapalha o atleta. "Sabendo administrar direito, dá tudo certo", brincou.

Ele ainda fez um pedido para ganhar reconhecimento único. "Prefiro que me chame de Daniel Cruz, não apenas Daniel porque somente há de monte por aí, mas Daniel Cruz, não. É como o Daniel Alves, do Barcelona. Mas não tem nada de superstição", concluiu, portanto, Daniel Cruz.