Setecidades Titulo Muito além do mel
Criação de abelhas ganha adeptos na região

Moradores aderem ao cultivo de espécies para melhorar a produção de flores e frutos

Por Bianca Barbosa
especial para o Diário
06/01/2019 | 07:16
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André Henriques/DGABC


Parece incomum, mas cada vez mais pessoas criam abelhas em casa. Além de fabricarem o mel, os insetos servem de alimento para animais. No entanto, a principal função deles na natureza é a polinização, trabalho que resulta na produção de frutos de melhor qualidade e maior número de sementes. Por esse motivo, aqueles que gostam de cultivar plantas frutíferas acabam se rendendo ao mundo das abelhas.

É o caso do cozinheiro Flávio Vitorino Pereira, 37 anos, morador do Jardim Hollywood, em São Bernardo e ‘pai’ de dois enxames que vivem em caixinhas de madeira no jardim. “Elas não dão nenhum trabalho. Ganhei as abelhas do tipo Jataí de um amigo e me apaixonei pela criação”, disse. Ele mantém 40 tipos de plantas no quintal, além de canal no YouTube (Verde na Veia), no qual divide experiências sobre o assunto. Ele chegou a ter quatro enxames das espécies Jataí, Mirim-Preguiça, Tubuna e Iraí, no entanto, as duas últimas morreram. Depois de perder os dois enxames, o cozinheiro percebeu que o pé de lichia, que havia dado 100 frutos em 2017, deu apenas um em 2018. A situação exemplifica a importância das cerca de 3.000 espécies de abelhas encontradas no Brasil.

A ONU (Organização das Nações Unidas) estima que mais de 75% do que é cultivado para a alimentação humana dependem da polinização para ter qualidade. Em contrapartida, a última edição do Livro Vermelho da Fauna Brasileira (de 2016) aponta quatro tipos de abelhas em perigo de extinção e uma em estado vulnerável.

O biólogo Guilherme Dominichelli explicou que a polinização nada mais é do que a reprodução da espécie. “Ela ocorre a partir do transporte de pólen de uma flor para outra. Esse transporte acontece pelo vento ou por animais”. O especialista observou que pássaros e insetos costumam fazer esse trabalho, mas as abelhas são as campeãs na tarefa, já que estão presentes em maior quantidade na natureza e dependem do pólen das flores para a fabricação do mel. As mudanças climáticas, como o aquecimento global, além da poluição e uso de agrotóxicos, acabam alterando o processo de reprodução das abelhas.

O bancário Fábio Luppi Domingues, 40, morador do Centro de São Bernardo, foi o amigo que deu o primeiro enxame a Pereira. Ele entende que ao criar esses insetos, a pessoa passa a dar mais importância ao meio ambiente. “É um hobby transformador. Hoje compro plantas para fornecer flores a elas”, destacou ele, que cria abelhas há três anos. A brincadeira, que começou por curiosidade, cresceu. Hoje, ele possui meliponário, coleção de colmeias na chácara da família.

Conforme os criadores, o custo de manutenção é baixo, no entanto, o preço das abelhas pode ser alto. “As Jataí são facilmente capturadas em garrafas PET, já a Mandaçaia pode custar até R$ 450 (o enxame)”, destacou Domingues. Uma caixinha para a ‘morada’ das espécies custa aproximadamente R$ 40 e um quilo de pólen, que dura mais de um ano, R$ 100.

“Há centenas de apicultores no Grande ABC. Também há aqueles que não vivem exclusivamente de abelhas”, observou Antonio Padovani Júnior, 61, apicultor e fundador da empresa SOS Abelhas, localizada no bairro Campestre, em Santo André. Segundo ele, são cerca de seis chamados por dia para a coleta e captura de colmeias e retirada de marimbondos e vespeiros. 




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