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Família usa formação gratuita para realizar sonho de empreender

Em S.Caetano, mãe e filho inauguram patisserie após aulas oferecidas pelo Fundo Social de Solidariedade; negócio é resultado de superação e trabalho

Bia Moço>br>Especial para o Diário
24/12/2017 | 07:00
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André Henriques/DGABC


O presente de Natal da família de Lucas de Oliveira Alves, 20 anos, de São Caetano, chegou antecipado. Isso porque, na semana passada, o jovem e a mãe, Lígia, 45, inauguraram patisserie no bairro Santa Paula. A conquista simboliza não só a concretização de sonho que vinha sendo acalentado há alguns anos pela dupla como também resultado de dedicação e trabalho de superação das dificuldades financeiras.

A família Alves chegou ao bairro Cerâmica há um ano e meio. Vindos da Zona Sul de São Paulo, Lucas e a mãe terminaram o curso de tortas e salgados do Fundo Social de Solidariedade do município há pouco mais de quatro meses, já com a intenção de aperfeiçoar o conhecimento culinário.

A história da família na cozinha começou a partir da falta de dinheiro para pagar um passeio escolar. Com apenas R$ 20 e o pensamento de que “só não trabalha quem não quer”, Lucas deu início ao seu caminho como empreendedor. “Ainda na Capital, meu pai ficou desempregado. Queria muito ir a um passeio da escola, mas a família passava por um momento delicado financeiramente. Foi aí que dei a ideia para minha mãe usar R$ 20 que eu tinha para comprar ingredientes e fazer trufas de chocolate, e eu as venderia nos comércios.”

A mãe, que inicialmente foi contra, no fim concordou e passou a ajudar na produção não só de trufas, mas também de bombas de chocolate com recheios, além dos famosos donuts (rosquinhas norte-americanas). “Conseguimos vender tanto que o dinheiro deu para pagar o passeio do Lucas, de alguns colegas, e ainda sobrou para pagar algumas contas da casa. Foi aí que pensamos que vender doce poderia ser a solução para superar aquela fase”, relata Lígia. A família passou a produzir diariamente e, com a clientela conquistada, conseguiu sair do sufoco.

Após o patriarca conseguir emprego em São Caetano, a família foi obrigada a se mudar para a cidade. “Continuamos fazendo e vendendo nossos docinhos, inclusive, fizemos boa cartela de clientes e temos muita encomenda. Mas a gente queria mais, queria conhecer e aperfeiçoar o trabalho”, conta Lígia.

Mesmo com a renda proveniente do salário do marido e da venda dos doces, a então dona de casa ainda não tinha condição financeira de arcar com um curso gastronômico. Foi então que, por meio de busca na internet, encontrou cursos gratuitos ofertados pelo Fundo Social de Solidariedade municipal. “Diante da crise econômica que o País enfrenta, as pessoas se acomodam. Mas existe muita oportunidade. Só não enxerga quem não quer. O que não dá é para ficar sentado esperando as coisas acontecerem. Nós arregaçamos as mangas e fomos em busca de galgar nosso lugar no mercado dos quitutes”, diz Lucas.

Orgulhoso, o agora empresário destaca que o nome escolhido para a patisserie – Essência Artesanal Bakery – se deu pela necessidade de manter a essência do negócio mesmo depois do sucesso. Para a família, a prioridade é levar aos clientes produtos com tempero, feitos com amor e de qualidade. Fã número um da comida feita pela mãe, Lucas avisa: “as empadas da dona Lígia são sucesso”.


Serviço social da cidade se propõe a ir além do assistencialismo

O Fundo Social de Solidariedade de São Caetano se propõe a ir além do assistencialismo. “Temos de levar à população de São Caetano a imagem de que o Fundo Social não é assistencial, apenas com doações. Faz parte das nossas atribuições auxiliar pessoas e famílias que buscam recolocação no mercado de trabalho”, explica a primeira-dama Denise Auricchio, presidente do órgão.

Para Denise, o trabalho é o maior incentivo que a cidade pode dar a quem busca oportunidade. “Não damos o peixe, ensinamos a pescar. Além disso, quando vemos casos de extremo sucesso, como o desta família que abriu a patisserie, nos mostra que está dando certo o que propusemos.”

Além do curso de salgados, Lucas também participou da formação de bartender. Sobre o futuro, ele já sabe o que quer: “vou fazer faculdade de Agronomia, assim poderemos realizar outra parte do sonho da família, que é ter um sacolão orgânico. Também poderemos usar nossos produtos para fazer uma culinária cada vez mais saudável”.  




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