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Após temporal, cidade é tomada por escombros
Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
20/01/2011 | 07:26
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Após o forte temporal que caiu em Mauá na terça-feira, moradores tiveram ontem muito trabalho para retirar a lama que invadiu casas e comércios. Nas ruas, o cenário era de terra arrasada e muita poeira. Pedestres improvisavam máscaras para se protegerem contra o pó.

Muitos galhos de árvores tomavam conta das vias. Em alguns pontos próximos aos morros, pequenos deslizamentos atingiram ruas e impediram parcialmente a passagem de veículos. O Centro e os bairros Sertãozinho e Oratório também foram cobertos pela água. No entanto, a região mais prejudicada foi a do Zaíra, onde cinco pessoas já morreram vítimas das chuvas neste ano - a última, anteontem.

Logo na entrada do bairro, montes de móveis eram abandonados pelas calçadas. Diversas famílias perderam tudo o que tinham dentro de casa. É o caso da babá Maria Rosa dos Santos, 28 anos, moradora da Rua Pedro Piorno - travessa da Avenida Presidente Castelo Branco. O córrego que passa pela viela transbordou.

Na casa da babá, o nível da água ultrapassou um metro, chegando a cobrir fogão e pia. Ela perdeu roupas, móveis, eletrodomésticos e até documentos. "A água entrava em casa com uma força absurda. Coloquei a geladeira em frente à porta para ver se conseguia impedir que entrasse mais água", conta. Nesse momento, o filho dela, 5 anos, foi colocado junto com a cachorra em cima de uma parede, para evitar contato com a água suja.

Após perceber que as tentativas de impedir a inundação seriam em vão, ela e o marido decidiram fugir pulando um muro nos fundos da casa. "Se não tivéssemos pulado, pode ser que estivéssemos mortos agora", salienta.

O ajudante geral Robson Ferreira da Silva, 29, também perdeu tudo. Ele critica a falta de assistência da Prefeitura para as vítimas. "Não veio ninguém da Defesa Civil. Isso sem contar este rio, que eu nunca vi ninguém limpando", ressalta.

Ele revela ter medo de doenças transmitidas por meio da água da chuva. "Estamos correndo o risco de leptospirose e dengue, mas nunca vem ninguém aqui olhar isso", acrescenta. 

ESTADO DE EMERGÊNCIA
A Prefeitura decretou ontem estado de emergência nas áreas atingidas. O decreto vale por 90 dias e será encaminhado hoje para homologação do governo do Estado. Se aprovado, a população atingida poderá sacar parte do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), entre outros benefícios. 

Cada vez mais vazio, morro do Macuco vira terra fantasma

A cada chuva que cai sobre o morro do Macuco, mais pessoas decidem deixar o local de uma vez por todas. As ruas, vazias e cobertas de entulho, revelavam ontem o abandono. Diversas famílias já saíram de lá com medo de novos desabamentos. Segundo moradores, ao menos três pequenos deslizamentos ocorreram na noite de terça-feira. Na Rua Lourival Portal da Silva, uma árvore caiu sobre o telhado de duas casas, mas não houve vítimas.

A auxiliar de lavanderia Maria Aparecida de Sá, 39 anos, conta que percebeu uma diminuição no número de moradores na última semana. "Antes, o pessoal passava a noite fora, mas voltava durante o dia. Agora, com essas chuvas fortes, ninguém tem mais voltado para cá."

Ela conta que o córrego que corta aquela região transbordou durante o temporal de terça-feira. "Alagou tudo aqui embaixo. Está complicada a nossa situação, pois quando não é deslizamento, é enchente. O risco vem de baixo e de cima", reclama. A auxiliar conta os momentos de pânico que viveu durante a tempestade. "Todo mundo desceu o morro correndo. Era árvore e telhas voando para tudo que é lado."




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