Política Titulo São Bernardo
Museu do Trabalhador segue com futuro incerto
Humberto Domiciano
Diário do Grande ABC
19/02/2017 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Dois meses depois da deflagração da Operação Hefesta da PF (Polícia Federal), que resultou na prisão de dois ex-secretários da gestão Luiz Marinho (PT) – Osvaldo de Oliveira Neto (Cultura) e Alfredo Luís Buso (Obras) –, o futuro do Museu do Trabalho e do Trabalhador, em São Bernardo, depende de decisão da Justiça.

A obra, orçada inicialmente em R$ 18 milhões, teve o valor aumentado para R$ 21,7 milhões e conviveu, desde o início, no ano de 2012, com paralisações, abandonos e escândalos.

Desde dezembro, os serviços estão parados por conta da ação do MPF (Ministério Público Federal), que, além de ordenar a detenção de oito pessoas, condução coercitiva de outras oito, suspendeu qualquer atividade relacionada ao contrato, como repasses, pagamentos e transferências.

De acordo com a Prefeitura de São Bernardo, a intenção é transformar a estrutura atual em uma Fábrica de Cultura, projeto que deve ser executado em convênio com o governo do Estado. Ainda conforme a gestão Orlando Morando (PSDB), caso sejam comprovados atos ilícitos relacionados à construção do museu, a Prefeitura “ajuizará medidas para reparação de danos contra os envolvidos”.

A equipe do Diário esteve no local durante a semana passada e constatou que a obra segue sem qualquer atividade, com certo acúmulo de lixo na área próxima à Avenida Armando Ítalo Setti. Apenas uma pessoa fazia a segurança do terreno em um dos dias visitados.

O MPF informou, por meio de nota, que o inquérito referente à Operação Hefesta está em andamento. A PF ainda analisa os documentos, computadores e celulares apreendidos. Ao mesmo tempo, de acordo com o Ministério Público Federal, estão sendo colhidos depoimentos de outros investigados e de pessoas de interesse. Ainda não há denúncia oferecida à Justiça Federal.

PRISÕES - A investigação da PF apontou desvio de recursos de R$ 7,9 milhões em verbas públicas. Entre os supostos crimes cometidos estão o aumento do valor total do projeto, superfaturamento de serviços de engenharia e arquitetura, desvio de recursos mediante pagamento em duplicidade pela realização de trabalhos, modificação do projeto original com custo acima do teto e prorrogações indevidas do contrato.

Além de Neto e Buso, que já foram soltos, a operação prendeu outras seis pessoas, entre elas o ex-secretário adjunto de Marinho em Obras Sérgio Suster (deixou a administração petista em 2012) e empresários da Construções e Incorporações CEI e da Construtora Cronacon.

Durante a ação da PF foram apreendidos também dois carros (BMW e Porsche) e R$ 300 mil em espécie, todos ligados aos donos das empreiteiras, que também estão em liberdade.

Na ocasião da operação, o MPF alegou que a força-tarefa impediu que mais R$ 19 milhões fossem desviados em recursos pela Lei Rouanet (que institui políticas públicas para a cultura nacional).




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