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Expansão imobiliária vai travar avenidas na região
Willian Novaes
Do Diário do Grande ABC
24/01/2011 | 07:24
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A expansão imobiliária está à vista de todos no Grande ABC. Basta olhar para cima e no horizonte que é possível ver prédios sendo erguidos. São Bernardo, São Caetano e Santo André concentram os maiores condomínios verticais em construção. Os moradores estão cautelosos com a possível piora no trânsito em vias já saturadas.

As principais críticas são para quem utiliza as avenidas Presidente Kennedy, em São Caetano, Pereira Barreto, em São Bernardo, e Giovanni Battista Pirelli, em Santo André, para sair de casa ou chegar ao trabalho.

Atualmente essas vias já ficam engarrafadas em horários de pico, e estão sendo construídos condomínios que vão despejar mais de 1.000 carros em cada um desses locais, diariamente.

O trânsito foi a maior queixa que o Diário ouviu das pessoas nas três cidades. "Isso aqui vai virar o caos se a Prefeitura não fizer nada para melhorar", disse Getúlio Silva, 60 anos, que há 15 mora no Baeta Neves, em São Bernardo. Ele e vizinhos reclamam da falta de planejamento da administração.

Na Avenida Pereira Barreto, no terreno onde funcionava a fábrica Tognato, estão sendo erguidas torres comerciais e residenciais. A Rua Itu e outras das imediações, no próprio Baeta, já se transformaram em rotas de fuga que os motoristas adotaram para escapar do trânsito, antes mesmo da entrega dos empreendimentos.

A Prefeitura de São Bernardo também já espera pelo impacto na infraestrutura do entorno da Pereira Barreto com a inauguração das torres, mas informou que a autorização para as obras foi concedida pela administração anterior, em 2007.

A falta de melhorias no trânsito ou mudanças gerais de infraestrutura, deixam preocupados os vizinhos dos grandes condomínios.

A Prefeitura informou que estão sendo analisadas propostas de mudanças no Plano Diretor, como a adoção do Programa de Transportes Urbano, que prevê obras como o rebaixamento da Avenida Lions - em execução -, junto com a canalização e implantação de sistema viário ao longo do Ribeirão dos Couros.

O governo municipal também prevê a construção de corredores de transporte coletivo, além do metrô-leve, que terá como destino a Capital. Em 2010, foram concedidos 653 alvarás de construção residenciais e 215 comerciais em São Bernardo.

Para a professora de planejamento urbano Silvana Zioni, da UFABC (Universidade Federal do ABC), esse é um dos prejuízos que a expansão imobiliária traz. "Na questão macro, é excelente a construção de novas moradias, com planejamento e com as devidas licenças do poder público. As microrregiões acabam sofrendo mais, e um dos prejuízos é o aumento do tráfego."

 

Vizinhos já esperam pela piora da qualidade do trânsito

 

"Isso aqui virou um inferno", contou a aposentada Conceição da Silva, 74, que reside há 42 anos, no Baeta Neves, em São Bernardo. Ela é uma das preocupadas com a inauguração dos prédios comerciais e residenciais na Avenida Pereira Barreto.

"Se com essas chuvas nós levamos horas para chegar em casa, imagina quando esses milhares de carros começarem a circular por aqui?, disse Ayrton Rodrigues, 66, também do Baeta Neves.

O pôr do sol e a vista do Pico do Jaraguá não são mais possíveis apreciar da janela da casa do técnico em segurança do trabalho, Paulo Beraldo, 51, no Jardim Marajoara II, em Santo André.

Morando há 23 anos no bairro, ele perdeu à vista e a paciência com as construções dos prédios. "Tem pontos positivos, mas inúmeros negativos", afirmou.

Para o presidente da Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC, Milton Bigucci, que é proprietário de uma construtura que conta com 13 empreendimentos na região, as cidades terão capacidade de receber os novos moradores. "Para ser aprovado, um empreendimento é analisado por vários departamentos e as prefeituras estão preocupadas com a infraestrutura", disse.

O aposentado Valter Guerrero, 56, que mora em São Caetano, espera por mudanças no trânsito e no transporte. "Essa é a hora de colocar em prática algumas promessas que estão no papel."

 

Em dois anos, mais 18,5 mil apartamentos

 

O Grande ABC contabilizou em 2010 a comercialização de 6.124 apartamentos, isso até setembro. Esse número é quase o dobro em relação ao mesmo período de 2009, quando a marca foi de 3.187 residências vendidas, segundo a Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC. Nos últimos dois anos, foram construídos 18.520 apartamentos. O fácil acesso ao crédito e as melhorias na economia impulsionaram o mercado.

Em Santo André, os moradores dos bairros Homero Thon, Parque Marajoara II e imediações estão apreensivos com a inauguração de mais um condomínio na Avenida Giovanni Battista Pirelli - uma das ligações com Mauá e a Avenida dos Estados.

A tranquilidade que predomina durante o dia muda drasticamente no fim da tarde para quem vive nas proximidades da Avenida Presidente Kennedy, no bairro Santa Maria, em São Caetano, onde estão em fase de acabamento oito prédios.

A previsão é que 750 famílias passem a morar no local. No município estão sendo erguidos 60 empreendimentos. A Prefeitura informou que todos devem ser entregues até 2012 e está próxima de contratar uma consultoria para planejar o transporte público devido ao processo de verticalização por que passou na última década. A Prefeitura de Santo André não respondeu aos questionamentos feitos pelo Diário.




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