Setecidades Titulo Mutirão da Catarata
MP abre inquérito para apurar mutirão

Promotoria da Saúde Pública investiga falhas em
cirurgias de catarata realizadas em São Bernardo

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
24/02/2016 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


O MP (Ministério Público) de São Bernardo, por meio da Promotoria de Saúde Pública, instaurou inquérito civil para apurar possíveis falhas em mutirão de catarata realizado pela Prefeitura no dia 30 de janeiro no Hospital de Clínicas da cidade. O procedimento, feito em 27 pacientes, deixou 21 infectados pela bactéria Pseudomonas aeruginosa, além de 18 cegos e uma vítima fatal.

A decisão foi tomada pelo promotor de Justiça Marcelo Sciorilli após análise de respostas encaminhadas pela Secretaria de Saúde do município ao órgão na semana passada.

O promotor de Justiça Marcelo Sciorilli já encaminhou ofício às autoridades competentes solicitando informações sobre o caso. A Vigilância Sanitária da cidade tem prazo de até dez dias para que seus representantes respondam aos questionamentos do órgão público.

O MP também informou que já solicitou ao TCE (Tribunal de Contas do Estado) pesquisa sobre o Instituto de Oftalmologia da Baixada Santista, empresa responsável pela realização do procedimento e que mantinha convênio com a Prefeitura desde 2013. Nos próximos dias, pacientes submetidos às cirurgias também devem ser ouvidos.

Na avaliação de familiares das vítimas do mutirão, o inquérito deve trazer mais agilidade às investigações. “Acredito que com a abertura do inquérito pelo MP teremos esclarecimentos sobre o caso. Não só nós, familiares, mas toda a sociedade. Queremos que isso não aconteça novamente”, relata a professora Vilma Libarino Gomes Vieira, 38 anos, filha do aposentado Francisco Gomes Rocha, 70, obrigado a remover o globo ocular direito após o procedimento.

 

IRREGULARIDADE

Apesar de a Prefeitura de São Bernardo afirmar que o contrato com o Instituto de Oftalmologia da Baixada Santista está suspenso até a finalização de sindicância que apura possíveis falhas no procedimento, o proprietário da empresa, o médico oftalmologista Elcio Roque Kleinpaul, continua a prestar atendimento na rede de Saúde do município.

Na tarde de ontem, o Diário esteve no CER (Centro Especializado de Reabilitação), local onde vítimas do mutirão têm recebido assistência médica, e confirmou que o profissional atendeu pacientes em pós-operatório na segunda-feira. Segundo funcionária da unidade, o médico realizou consulta em pessoa que passou por procedimento no Hospital de Clínicas, sem especificar o assunto.

Questionado sobre o tema, o advogado José Luiz Macedo, que representa o instituto, afirmou desconhecer a informação, mas ressaltou que o fato pode ter ocorrido. “Estamos falando de pacientes. Independentemente se o contrato está suspenso, o médico não iria se negar a atender essas pessoas, se fosse necessário ou solicitado pela Prefeitura. Não importa se ele não iria receber por isso, mas ele tem um juramento profissional para cumprir.”

Familiares das vítimas também indicam que a administração municipal mantém profissionais do instituto atuando na rede de Saúde da cidade. “A assistente social disse que minha mãe iria ser atendida por uma empresa terceirizada. Acredito que seja a mesma que a Prefeitura alega ter suspenso contrato”, relata o autônomo Ricardo Pereira Souza, 36, filho da aposentada Elza Pereira Souza, 64, que precisou remover o olho esquerdo.

Procurada pela equipe do Diário, a Prefeitura de São Bernardo não se manifestou sobre o assunto. Da mesma forma, o médico Paulo Barição foi contatado mais uma vez, entretanto, o profissional não comentou o caso.




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