O ministro das Cidades, Olívio Dutra, deverá anunciar nesta segunda-feira em Santo André a liberação de parte dos recursos para a construção de um coletor-tronco de esgotos cortando o Grande ABC. O coordenador do grupo temático de Saneamento do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e superintendente do Semasa, Sebastião Ney Vaz Jr., confirmou a informação por meio de sua assessoria.

Dutra participa na cidade da abertura da 33ª reunião da Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae), a partir das 9h, no Teatro Municipal (no Paço). O evento termina no dia 4.

Orçado em R$ 23 milhões, o coletor vai transportar os esgotos produzidos por bairros situados em regiões de manancial em Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra (as duas últimas com 100% do território incluído nas áreas de proteção) até a estação de tratamento do Grande ABC, localizada em São Paulo, mas na divisa com São Caetano. Além dos ganhos ambientais e de saneamento, o coletor-tronco deve garantir novos investimentos industriais.

Os prefeitos do Grande ABC tentam há quatro anos liberar a parte inicial dos recursos, mas a Sabesp, executora do projeto, concluiu apenas no ano passado a licitação. Nesse meio tempo a empresa estadual retomou as obras de recuperação e término dos interceptores de esgoto Meninos e Tamanduateí.

Os interceptores são grandes canalizações de esgoto construídas na margem dos dois rios, que recebem sem tratamento algum os rejeitos das zonas mais urbanizadas da região. Mas os interceptores ainda esperam a conclusão dos coletores-troncos cortando os bairros que têm de conduzir o esgoto até eles.

O governo Fernando Henrique liberou R$ 6 milhões iniciais, que seriam suficientes para cobrir os custos da instalação principal. No entanto, o dinheiro entrou na conta 'restos a pagar' que foi transferida para o Orçamento deste ano sem que houvesse recursos para cobrir a expectativa de despesa.

Além dos R$ 6 milhões do ano passado, outros R$ 7 milhões foram retidos no corte de verbas que atingiu todas as obras federais ainda não iniciadas em janeiro.

A construção do coletor-tronco cortando a região de mananciais é uma das oito reivindicações que os prefeitos do Grande ABC entregaram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em março. Quando visitou a região para dar resposta às reivindicações, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, apresentou dificuldades para atender o pedido. Disse que os ministérios das Cidades, da Integração e dos Transportes esperam R$ 10,5 bilhões retidos na conta restos a pagar – uma “ficção, porque o dinheiro não existe”.