Política Titulo Voto em Dilma
Maranhão é suspenso, mas PSDB volta atrás

Tucanato decidiu por punir o prefeito de Rio Grande
da Serra por 90 dias, só que recua e cancela reunião

Derek Bittencourt
Fábio Martins
10/02/2015 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


O diretório estadual do PSDB, comandado pelo deputado federal Duarte Nogueira, deu veredicto ontem de suspensão do prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão, por 90 dias, porém recuou diante de manifestações contrárias de correligionários e decidiu cancelar o julgamento dada a polêmica provocada com a situação. A reunião, realizada em São Paulo na sede do tucanato, durou mais de três horas, e foi acalorada, inclusive com xingamentos direcionados ao chefe do Executivo. Ficou definido que Maranhão passará até sexta-feira por ‘entrevista’ com colegiado de prefeitos, que darão novo posicionamento.

O prefeito de Botucatu, João Cury Neto, foi responsável pela proposta de ouvir novamente a defesa de Maranhão, chamado de traidor por parcela dos tucanos. Segundo Nogueira, ficou claro que o diretório decidiu pela punição da conduta do prefeito – a condenação o deixaria de fora apenas das convenções da legenda, em março. “O que não ficou claro para o conjunto dos presentes, órgão máximo de decisão, é o tamanho dessa dose. Se faz punição por suspensão de 90 dias ou pena máxima de expulsão, que não foi objeto convergente de maioria.”

Maranhão havia sido reprovado, anteriormente, no Conselho de Ética do tucanato. O episódio entrou em discussão após o prefeito ter anunciado apoio e voto na presidente Dilma Rousseff (PT) na eleição do ano passado, quando a petista buscava a reeleição. Na ocasião, o tucano declarou que seu coração e alma eram vermelhos, além de dizer, num evento em Brasília, que o Planalto, no poder do PT, parecia mais próximo do que o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo tucano. Ele justificou que a adesão era resposta aos repasses da União para Rio Grande.

Diante da confusão, o prefeito deixou o local, sem alarde – antes que pudesse ser chamado para ‘diligências’. Para Maranhão, o debate ficou muito estendido, acalorado e prolixo. “Como já tinha aguardado até o fim da votação, entendi que minha presença não era mais necessária. Não vi nenhum sentido na discussão, ela deveria ter sido feita antes do julgamento.” Vice-presidente do diretório paulista, o deputado estadual Cauê Macris alegou que o chefe do Executivo vai ter prazo para fazer reconsiderações e que se “não caminhar na reta” durante o período de três meses – apesar do adiamento da reunião –, o prefeito pode ser expulso do partido.

Maranhão alegou que o colegiado de prefeitos colocado o deixou com um ponto de interrogação. O chefe do Paço argumentou que vai procurar o departamento jurídico do tucanato para entender o caso. “Não conheço o regimento interno.”

O vereador de São Caetano Beto Vidoski e o deputado estadual Orlando Morando usaram a palavra e saíram em defesa do correligionário. “Naturalmente ele não poderia sair isento, sem nenhuma punição. É punição exemplar. Agora, não teria nenhuma justificativa expulsá-lo da sigla. Ele me apoiou, que sou do PSDB. Fui deputado mais votado da cidade. Apoiou o (governador Geraldo) Alckmin (PSDB) e o (candidato ao Senado José) Serra (PSDB). Só deu aquela declaração constrangido pelos petistas por ameaça de perder verbas federais”, disse Morando. 




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