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Jeito rock de cantar
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
20/01/2010 | 07:00
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Divulgação


Na casa dos pais do guitarrista Gabriel Thomaz, em Brasília, MPB era raridade. "Nunca teve disco do Chico Buarque, de... de... sei lá o quê. Não sei nem o nome para você ter uma ideia", ri o líder do Autoramas, em depoimento contido nos extras do DVD "MTV Apresenta Autoramas Desplugado", já disponível nas lojas. O aúdio do mesmo especial foi lançado digitalmente no ano passado e tem 14 músicas. É este show que a banda apresenta amanhã, às 22h, no projeto "Quintas dos Infernos", no Sesc Santo André (Rua Tamaratuca, 302. Tel.: 4469-1200. Ingr.: R$ 8).

O relato de Thomaz é para a história do grupo, formado no Rio há dez anos. O power trio, composto ainda por Bacalhau na bateria e Flávia Couri, que assumiu o baixo neste trabalho, não nega sua essência, mesmo com outra pegada. "A gente tá tocando o acústico de um jeito rock, do nosso jeito. Não tá mole, tá na cara", diz o baterista também nos extras.

Esse histórico está bem expresso em toda a apresentação, gravada em julho no Rio e exibida em novembro pela MTV. O set list passeia pelos quatro álbuns de estúdio (dos quais os três primeiros, com a baixista da formação original, Simone do Vale e o último, com Selma Vieira), mas não apela para seleção de hits. "Fale Mal de Mim" e "Você Sabe", por exemplo, que foram bem executadas na própria grade da MTV, ficaram de fora da seleção.

Os arranjos continuam dinâmicos para o bem do ‘rock para dançar', mistura de punk, new wave e surf music que ainda a banda conserva em suas bases, dez anos depois do início. Com seu baixolão, Flávia forma com Bacalhau uma cozinha acústica bastante inspirada.

Thomaz também está bastante à vontade sem a guitarra, um desafio para recriar timbres mais distorcidos ou com tom rockabilly, que eram a principal influência em sua adolescência e na primeira banda, Little Quail and the Mad Birds, que gravou pelo selo Banguela Records e fez relativo sucesso nos anos 1990, principalmente em Brasília.

Como todo especial acústico que se preze, também há participações especiais. O músico Humberto Barros é o primeiro, tocando teclado no cover de Reginaldo Rossi "No Claro No Escuro" e acordeon em Hotel Cervantes. O arranjo acústico desta canção ainda tem a colaboração das castanholas de Jane Deluc. Big Wilson é o parceiro em A 300 km/h. O momento fofo ficou por conta do dueto de Thomaz com Érika Martins (ex-vocalista do Penélope), com quem é casado. O par canta Música de Amor, composta a quatro mãos. Além de "No Claro No Escuro", outras covers são "Let Me Sing, Let Me Sing", de Raul Seixas, "Love Me", famosa na voz de Elvis Presley, e "Eu Vou Vivendo", do Walverdes.

Relembrando os tempos de Brasília do vocalista, a banda toca "I Saw You Saying" ("That You Say That You Saw"), conhecida parceria dele e do então líder dos Raimundos, Rodolfo.

Outras versões bastante interessantes estão num pequeno ensaio gravado, disponível nos extras. A primeira é uma leitura instrumental de "Blue Monday", do New Order, além de "Minha Superstar", música de Roberto e Erasmo composta nos anos 1980 e "Blue Suede Shoes", outro sucesso de Elvis.




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