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Corinthians cala críticos e fatura primeiro título na Arena de Itaquera

Equipe fica no empate por 1 a 1 com a Ponte
e alcança 28º título do Campeonato Paulista

Por Dérek Bittencourt
08/05/2017 | 07:00
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Divulgação


O Corinthians é a primeira força do Campeonato Paulista. Independentemente dos questionamentos sobre qualidade técnica individual ou do grupo de jogadores, o fato é que com o empate por 1 a 1 com a Ponte Preta, ontem à tarde, na Arena em Itaquera, conquistou o título do Estadual, aproveitando a vantagem de 3 a 0 que havia aberto no duelo de ida, em Campinas. Assim, calando os críticos e para delírio dos fieis torcedores que quebraram o recorde do estádio (leia mais abaixo), o “campeão dos campeões” – como diz o próprio hino –, alcançou o 28º troféu estadual, isolado com folga sobre os rivais na liderança como o maior vencedor.

“A conquista vai ser lembrada como um grupo desacreditado que se fechou e se uniu, com determinação, concentração e maturidade”, definiu o técnico Fábio Carille após a partida. Afinal, a equipe taxada como “quarta força do Estado” se superou para alcançar um título que era prematuramente apontado aos rivais pelas mais diversas questões – jogadores, dinheiro, ídolos, entre outros.

Sem dois dos principais atletas que levaram o Corinthians até a final – casos de Gabriel e Rodriguinho, suspensos –, Fábio Carille optou por Paulo Roberto e Maycon. Já a Macaca, em grande desvantagem, apostava no quarteto Jadson, Clayton, Lucca e Pottker para diminuir o prejuízo e buscar equilibrar a final pouco a pouco. Estranhamente, porém, o time campineiro foi tímido, não demonstrou o mesmo ímpeto, por exemplo, ao apresentado no primeiro tempo contra o Palmeiras em Campinas. Méritos, também, do bom posicionamento defensivo do Timão.

Assim, o tempo foi passando e o cenário ficando cada vez melhor para os corintianos. Aliás, tão bom que tiveram até chances para abrir o placar com Jadson (parou em Aranha), Maycon (acertou a trave) e Jô (errou o alvo).

Na segunda etapa, o relógio era o principal adversário que controlava a ansiedade dos alvinegros que, entretanto, não demoraram a soltar o tão esperado grito de “campeão”. Aos 17 minutos, Romero foi lançado na área, finalizou, Aranha defendeu mas, no rebote, o paraguaio empurrou às redes, anotando seu 18º gol na Arena, maior artilheiro da história do estádio (leia mais abaixo).

Foi então que a Ponte Preta despertou. Passou a buscar mais o jogo e chegou ao empate aos 40, com Marllon. O tento de honra para a equipe que caiu de cabeça erguida, mas insuficiente para tirar qualquer brilho da grande festa que tomou conta da Arena.


Cássio iguala Ronaldo em seis títulos e ao erguer taça


De figura questionada ao responsável a levantar a taça de campeão paulista, o goleiro Cássio alcançou ao menos mais dois feitos em sua história no Corinthians: chegou a seis títulos conquistados pelo clube e ainda, como capitão, teve a honra de levantar a taça de campeão – em ambos os quesitos, igualou o ídolo alvinegro Ronaldo, que ergueu o troféu do Estadual de 1997. “Feliz. Essas marcas são legais, mas o mais importante é conquistar títulos e ajudar o Corinthians a dar continuidade à história vitoriosa, de títulos, de times que lutam e que às vezes pode faltar na qualidade, mas na raça e vontade nos superamos”, declarou o arqueiro corintiano, que está no clube desde 2012.

Segundo ele, os méritos pelo Timão ter uma defesa sólida, vazada apenas 11 vezes na competição, devem ser creditados a todos. “É um conjunto, mas tudo isso está acontecendo pelo (Fábio) Carille (técnico) trabalhar isso. Estamos colhendo os frutos. Quando falaram que a gente ia jogar nesse estilo a gente se entregou, se dedicou 100% e as coisas acontecem.”


Conquista consagra debutante Carille
Técnico se diz surpreso e ‘perdido’ com título após cinco meses no cargo


Há nove meses, Fábio Carille era apenas o auxiliar técnico de Cristóvão Borges, que à época desempenhava a função de treinador do Corinthians. A partir da demissão do oficial, assumiu interinamente o cargo e, para este ano, foi promovido a titular. Apesar de não ter o dinheiro do rival Palmeiras, a identificação de ídolo como tem Rogério Ceni, no São Paulo, ou estrelas no grupo como Dorival Júnior, no Santos, foi ele quem terminou o Paulistão com o sorriso de campeão no rosto. Surpreso, é verdade. Mas bastante contente.

“Estou muito feliz. É um privilégio muito grande, nem sonhava com este início. Imaginava dirigir uma equipe grande, mas pensava que precisaria dar uma volta. As portas se abriram e as coisas estão acontecendo”, declarou o treinador. “Ainda não caiu a ficha. Estou meio perdido com tudo o que está acontecendo”, afirmou, incrédulo.

Carille ainda quebrou uma hegemonia corintiana. Nos últimos 11 anos, todos os títulos conquistados pelo clube foram sob comando de Mano Menezes ou Tite, o segundo com quem o atual treinador aprendeu muito e ainda mantém contato. Até por isso, não foge de comparações, a começar pelo estilo de jogo – 4-1-4-1 – com boa organização defensiva que funcionou mais uma vez (nas últimas dez edições do Paulistão, o Corinthians terminou com a melhor defesa em oito – inclusive nesta, com apenas 11 gols sofridos).

“O que está acontecendo aqui não é normal. Eu não esperava ser campeão. A parte defensiva sobressaiu demais, mas a montagem do time demora dois ou três anos. Mas o nosso entendimento deu muito certo”, disse, novamente sob tom de incredulidade.

Carille ainda elogiou mais um pouco o elenco alvinegro, o qual definiu como “maravilhoso” pelo comportamento. “É um orgulho muito grande iniciar como técnico do Corinthians, com um grupo de jogadores maravilhoso. Todo mundo muito parceiro e ralando muito dentro de campo”, concluiu.


Romero festeja gol; jogadores desabafam sobre críticas


Romero e Arena Corinthians têm uma ligação muito grande, que ganha a cada dia mais força. Ontem, não poderia ser outro a marcar o gol do empate Alvinegro por 1 a 1 com a Ponte Preta, que determinou o título do Paulista aos corintianos. Agora, ele soma 18 tentos no estádio, principal artilheiro do local.

“É um título muito marcante. Vai ficar para sempre na minha memória. Fazer um gol aqui na arena e comemorar um título não tem preço. Todo mundo está de parabéns. A torcida apoiou 90 minutos, não só agora, mas ao longo do campeonato”, disse o paraguaio, que celebrou em campo após o apito final enrolado a uma bandeira de seu país.

Um questionamento constante aos atletas foi quanto às declarações e opiniões de que o Timão era a quarta força do Estado. “O grupo mereceu esse título. Nós trabalhamos muito. Ninguém acreditava no nosso trabalho, mas a gente sempre focado, treinando, com muita humildade conseguimos”, declarou Romero.

“Começamos o trabalho sob desconfiança, sendo taxados como a quarta força. Agora este título serviu para muitos respeitarem os profissionais que trabalham aqui. Cada um pode ter a sua opinião, desde que respeite os atletas e a instituição. Estamos felizes por fazer o pessoal dar o braço a torcer e falar bem do Corinthians”, desabafou Fagner, que ainda completou. “A melhor coisa que a gente poderia fazer era ficar quieto e trabalhar. Buscamos trabalhar e evoluir como equipe. Graças a Deus conseguimos coroar com o título.”


Artilheiro, Pottker diz estar 50% feliz e 50% triste pelo resultado final


William Pottker, atacante da Ponte Preta, terminou o Paulistão dividindo a artilharia com Gilberto, do São Paulo. Ambos fizeram nove gols, mas para o jogador da Macaca, tal situação não foi suficiente para deixa-lo completamente satisfeito.

“Fico feliz e agradeço aos meus companheiros que me ajudaram a conseguir esses objetivos pessoais. Mas, o principal não atingimos. Saio daqui 50% triste e 50% feliz, até por termos feito grande trabalho”, disse. “Chegamos. Tenho de dar os parabéns aos meus companheiros, à diretoria e para a torcida, que nos representou muito bem no Moisés Lucarelli. Ninguém acreditava na gente, chegamos longe. O Corinthians também começou desacreditado, dou méritos para eles.”


Torcida alvinegra bate recorde na Arena: 46.017 pagantes
Na 100ª partida do Corinthians na moderna casa, fiéis fizeram a festa com alusão ao título de 1977


A festa estava pronta antes mesmo de a bola rolar para Corinthians x Ponte Preta na Arena em Itaquera. A vantagem de 3 a 0 conseguida pelo Timão no jogo de ida deixou o clima totalmente favorável para que, enfim, a equipe conquistasse um título dentro de sua modernizada casa. E alcançou o feito em grande estilo, com a colaboração da fiel torcida que quebrou o recorde de público no estádio: foram 46.017 pagantes, superando os 44.976 da vitória diante do São Paulo por 6 a 1 pelo Brasileiro de 2015.

E como não poderia ser diferente, por todo simbolismo que representa, o título de 1977, que pôs fim ao jejum de 23 anos do Corinthians sem conquistas, e justamente sobre a Ponte Preta, mesma adversária de 40 anos atrás, foi muito lembrado. Nos telões, quando surgiu a imagem de Basílio – autor do gol histórico para o Timão –, a torcida foi à loucura. Ele, depois, foi ao gramado celebrar junto de outros ex-colegas campeões como Geraldão, Wladimir e Vaguinho.

“Esse reconhecimento é sinal de que fizemos algo muito importante para o Corinthians. Não há dinheiro que pague. Ser corintiano só nós sabemos como é”, disse Basílio.

Após o apito final, os jogadores, integrantes da comissão técnica e dirigentes receberam camisas com o número 77 às costas. “Foi um momento emocionante para o torcedor, que pôde comemorar os dois títulos”, afirmou o lateral Fagner. 




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