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Saulo Benevides: procura-se emprego

Após perder a reeleição em Ribeirão Pires, ex-prefeito afirma que buscará vaga de destaque menor em administrações públicas

Felipe Siqueira
Especial para o Diário
08/01/2017 | 07:30
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Ari Paleta/DGABC


O Grande ABC tem 227 mil desempregados, de acordo com a mais recente edição da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), realizada pela Fundação Seade e pelo Dieese, em parceria com o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. Nesta lista está Saulo Benevides (PMDB), que desde o dia 31 de dezembro está sem ocupação remunerada, quando saiu da função de prefeito de Ribeirão Pires.

Vereador por 16 anos e chefe do Executivo entre 2013 e 2016, o peemedebista tem pretensões modestas para retornar ao mercado de trabalho: quer ser assessor administrativo. “Acredito que sou capacitado para essa função”, diz o político, que vai encaminhar currículos a conhecidos para se encaixar em algum emprego.

Saulo despontou para política em 1996, quando se elegeu vereador pelo PSDB. Neste meio-tempo, se formou em Direito, embora não tenha carteirinha registrada na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) – o que lhe daria o direito de exercer a advocacia. O ex-prefeito garante que agora a missão é se dedicar à família. “Não penso mais em concorrer a um cargo eletivo. A vida pública, no período de gestão, é muito cansativa. Tudo passa muito rapidamente nos quatro anos de administração.”

Mas as credenciais recentes não oferecem destaque ao currículo de Saulo. Eleito prefeito de Ribeirão com grande expectativa em 2012, o peemedebista colecionou problemas nos quatro anos em que ocupou a principal cadeira do Paço.

Com uma base governista instável e queda de arrecadação recorrente, o chefe do Executivo deixou muitas de suas plataformas de governo no papel – não houve construção do teleférico, do viaduto que ligaria o Centro Alto ao Centro Baixo ou a abertura da Cidade Encantada (projeto para fomento do turismo local). Também entrou em rota de colisão com servidores ao rever o reajuste municipal. Ele não pagou fornecedores, entre eles a AES Eletropaulo, que cortou a energia elétrica de alguns prédios públicos.

O resultado foi visto nas urnas: ele obteve 1.616 votos, ficando apenas na sexta colocação no pleito e com votação inferior até mesmo de quando se elegeu vereador em 2000.

Saulo admite problemas, inclusive de ordem pessoal, para não ter feito um governo que caísse nas graças dos cidadãos. Entretanto, divide responsabilidades. “Eu tomei uma linha: priorizar a folha de pagamento do funcionalismo. A gente pagou o funcionalismo, rigorosamente, em dia. Tanto que eu paguei o 13º salário. No caso dos fornecedores, a gente pagava o essencial. Tinha atraso de pagamento? Claro que tinha. Mas a gente priorizava o que era o essencial”, argumenta. “Eu não fiz investimento em publicidade porque a gente não tinha agência (de propaganda). A crise também afetou a gente. Então, realmente, tinha um índice alto de rejeição”, complementa o peemedebista, que lembra do divórcio com Michelle – ela cogitou ser candidata a vereadora em chapa de oposição à do ex-marido. “Eu me separei da minha mulher, e, quando você tem filhos, isso é difícil.”

Outro ponto ressaltado por Saulo foi a dívida que ele diz ter herdado do ex-prefeito Clóvis Volpi (ex-PSDB). O peemedebista acusou o antecessor de transmitir o governo com R$ 41,4 milhões em restos a pagar sem dinheiro em caixa, o que fere a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) – o ex-tucano sempre contestou os números. “Eu tive problema também com a (empresa de) iluminação. Além de pagar o (serviço do) mês, pagava o parcelamento (da dívida renegociada). Deixava de pagar (o débito renegociado), voltava à estaca zero, e, isso, aumenta o valor (ao rediscutir o deficit novamente).”

Sem apontar dívida, ex-chefe do Executivo cita dinheiro em caixa

Embora estimativas extraoficiais do governo de Adler Kiko Teixeira (PSB) apontem para existência de R$ 100 milhões em restos a pagar sem dinheiro em caixa, o ex-prefeito Saulo Benevides assegura ter deixado a administração de Ribeirão Pires com algum saldo na conta.

Segundo o peemedebista, há R$ 1,9 milhão de verba repassada pelo governo federal da recuperação de recursos do Exterior e outros R$ 600 mil do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), dinheiro carimbado.

A gestão Kiko informou que contratos estão em fase de análise, assim como a situação financeira do Paço. O setor de Saúde será priorizado, de acordo com o Executivo. Reorganização do sistema de Saúde, reposição de medicamentos na rede básica, além de recompor o quadro de funcionários serão algumas das ações.
 




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