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Na área de risco, medo da morte a cada chuva
Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
01/01/2017 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Quando o céu escurece e a tempestade se anuncia, o coração da dona de casa Maria Aparecida Cardoso, 45 anos, fica apertado, com medo. Isso porque ela vive, junto aos dois filhos – um menino com deficiência física, 6, e um rapaz de 21 –, no assentamento Chafic/Macuco, no Jardim Zaíra, em Mauá, uma das áreas de risco mais emblemáticas da região.

No local, há poucos metros de sua casa, ela viu mãe e filho serem retirados, sem vida, após o barraco deles ser atingido por deslizamento de terra, em 2011. Naquele ano, a situação deixou cinco vítimas fatais e mais de 500 pessoas desalojadas. “Quando chove, a janela passa a noite aberta, porque fico olhando com medo do barranco descer”, conta.

Seis anos se passaram desde a tragédia e os moradores permanecem da mesma maneira: com medo e sem poder viver em outro lugar, por falta de condições financeiras. Maria trabalhava como cuidadora de idosos em um asilo, mas teve que deixar o emprego para cuidar do caçula, Carlos Eduardo, que nasceu com atresia de esôfago. “Com 12 dias de vida, ele foi operado, mas houve complicações e ele apresentou sintomas de atrofia nas pernas”, lembra a mãe. O recurso para o sustento da casa vem da pensão do ex-marido – cerca de R$ 300, e do benefício assistencial da Loas (Lei Orgânica da Assistência Social), concedida à Carlos Eduardo, no valor de R$ 870.

Quando aconteceram as tragédias, Maria foi uma das inscritas para receber unidade habitacional, projeto que ainda não saiu do papel por parte do poder público. As tempestades a fizeram perder móveis. Já as promessas de mudanças minam a expectativa de que os projetos realmente aconteçam. “Moro aqui há 22 anos e já perdi a esperança de ajudarem a gente”, lamenta ela, nascida em Umuarama, no Paraná, mas moradora de Mauá desde os 5 anos.

“O que entristece é que toda vez que tem eleição prometem que vão ajudar a gente. Desde quando vim para cá falam que vão nos tirar. Passarão mais quatro anos e estaremos aqui”, lamenta Maria.

A cada nova chuva persiste o temor pela vida da família, além de apelo ao poder público. “Que nos deem o mínimo de atenção e cuidem um pouco da gente”.  




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