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À espera de diagnóstico de Saúde em Rio Grande

Alvarina Almeida, 61 anos, aguarda até hoje exames para identificação de caroço no seio

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
01/01/2017 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 Em uma pequena casa da Vila Santo Antônio, em Rio Grande da Serra, a dona de casa Alvarina de Fátima Eusébio Almeida, 61 anos, espera ser enxergada pelo poder público. A viúva, natural de Piranguçu, em Minas Gerais, mora na cidade há 35 anos e vive em constante agonia. Além de residir em terreno com esgoto a céu aberto, ela aguarda resultado de exame que pode mudar o curso de sua vida.

Há um ano, Alvarina sente fortes dores no seio esquerdo, mas não tinha sido encaminhada para diagnóstico. Em junho, descobriu que estava com caroço de aproximadamente quatro centímetros, após mamografia realizada na carreta do programa Mulheres de Peito, do governo do Estado.

“O médico que eu sempre passava dizia que não existia dor no seio e nunca deu muita atenção para as reclamações. Foi um susto quando consegui fazer o exame, chorei muito. Passa um filme na sua cabeça”, contou ela, que sempre utilizou os serviços da US (Unidade de Saúde) São Vicente.

Até hoje, ela ainda não iniciou o tratamento e não sabe como será feita a retirada do tumor. Não sabe nem se é benigno ou maligno.

Mesmo com a recente construção de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) na cidade, ela precisou ser transferida para o AME (Ambulatório Médico de Especialidades) na Vila Luzita, em Santo André, onde é atendida, e refez o exame. Agora aguarda ser chamada para realizar a ultrassonografia das mamas.

Segundo ela, isso aconteceu por causa da falta de aparelhos para os procedimentos. “Eu até achava que ia melhorar depois que construíssem a UPA, mas continuou a mesma coisa, se é que não piorou. O médico do AME me informou que podem ser até três caroços. Escuto esse tipo de coisa e fico muito triste e preocupada, porém, me apego a Deus e tenho forças de que não vai ser nada complicado”, contou emocionada.

O problema da dona de casa poderia ter sido resolvido se um agente de saúde passasse pela residência. Segundo ela, há quatro anos não ocorre visita do profissional, que media semanalmente a pressão arterial. “Parece que realmente a gente é esquecido por aqui”, reclamou.

A vida nunca foi fácil para a pensionista que perdeu o marido por hemorragia, há 31 anos, com apenas cinco de casada. Desde então, teve que criar sozinha os três filhos pequenos, sendo que a mais velha tinha 4 anos na ocasião.

“Comecei a trabalhar de faxineira em casa de família e tive que deixar uma das minhas filhas com a minha mãe em Minas para dar conta dos dois trabalhos. Hoje, graças a Deus, estão todos criados e perto de mim.”

Duas filhas e mais quatro netos e um bisneto moram no mesmo terreno, que abriga outras quatro famílias. Dona Alvarina, que chegou ao local após o casamento para ser caseira do proprietário, passa atualmente por situação diferente, já que o dono do local também morreu e os filhos dividiram a área.

“Acho que a gente vai ter que sair daqui, mas estou tranquila. Fiz toda a minha vida aqui. Era muito bonito, tinha criação de galinhas e horta, hoje não sobrou nada. Me contam que na minha cidade natal a Saúde é muito boa, talvez volte para lá”, contou.

As ruas do bairro têm asfalto impecável, porém as casas do terreno não têm sistema de esgoto. Ele corre a céu aberto em frente à casa da idosa e é fonte de ratos e mau cheiro. Além de matar as plantas, que ela cultivou com tanto amor, atinge a dignidade.

“Me pergunto: como eles podem deixar isso assim? Pago água e esgoto. Já liguei na Prefeitura tantas vezes para resolverem isso, mas não chegam nem a dar uma resposta para a gente. Acabei deixando para lá, mas quem limpa os locais depois da chuva continua sendo eu”, afirmou.

Mesmo com as dificuldades, ela não perde o sorriso e se diz otimista para o próximo ano. “Tenho fé em Deus que vai ser mais um capítulo da minha história que vou vencer”, disse.




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