O ator e diretor Herval Rossano morreu enquanto dormia, na madrugada de quarta-feira, aos 72 anos, em São Paulo. De acordo com informações divulgadas por sua mulher, a atriz Mayara Magri, Rossano faleceu após sofrer um mal súbito causado por problemas cardíacos. Nascido em Campos, norte fluminense, Rossano notabilizou-se sobretudo por dirigir a novela A Escrava Isaura, exibida em 1976 pela Globo e que fez tanto sucesso que chegou a ser comercializada para países como China e Rússia. Em 2004, o diretor aceitou o desafio de conduzir a mesma trama, só que na Record. Mais uma vez, A Escrava Isaura registrou grande audiência e atualmente é reprisada pela terceira vez na emissora paulista da Barra Funda.

Carreira - Quando era adolescente, Herval Rossano sonhava ser advogado ou pertencer à Aeronáutica. O sonho não se realizou e ele acabou entrando para a vida artística muito cedo. Do teatro amador, Rossano transitou para o cinema – foi galã das telas durante as décadas de 1950 e 1960 – e chegou a televisão, meio em que se consagrou por ser o diretor que mais tramas vendeu ao exterior. Participou de pelo menos 20 filmes, atuou em 16 novelas e foi o diretor responsável por mais de 30 novelas, entre elas A Gata Comeu, Cabocla, Maria Maria, Dona Beija e Quem É Você?.

Depois de levar A Escrava Isaura para a Record, Rossano foi contratado pelo SBT para dirigir Cristal em 2006 e, já andando com o auxílio de cadeira de rodas, foi substituído por David Grimberg tempos depois por conta de sua saúde frágil.

Problemas - Depois de sofrer um enfarte, em 2001, Rossano se desiludiu um pouco com a vida. Dois anos depois, separou-se da atriz Nívea Maria em um complicado processo que, segundo ele, lhe custou cerca de US$ 1,5 milhão, além da tristeza de constatar que ela já não gostava mais dele após 27 anos de casamento. Em 2003 foi deixado de lado pela Globo, canal em que trabalhou por 30 anos.

Só quando a atriz Mayara Magri reapareceu em sua vida é que Rossano saiu do ostracismo e voltou aos holofotes. “Depois do meu divórcio, depois de minha saída da Globo, já não esperava nada da vida, tanto no pessoal quanto no profissional”, escreveu em seu site. “Estava vivendo um período de desilusão quando reencontrei aquela que um dia quase me fez virar a cabeça, só não fazendo por eu ter uma filha de quatro anos. Mas o destino realmente nos prega algumas peças. Procurei-a depois de assistir a uma entrevista sua e, para minha surpresa, ela também estava só. Começamos a nos relacionar e voltei a acreditar na vida e a amar”. Segundo relatou o diretor, Mayara o levou a bons médicos e o incentivou – “ela praticamente me empurrou” – a aceitar a proposta da Record.

De volta ao trabalho, o diretor reencontrou o prazer de viver. “Com a estréia de A Escrava Isaura pude sentir de novo toda a garra que tenho e que pensei ter perdido pelos percalços da vida. Mas não. Ela voltou e logo na primeira semana. Hoje, trabalhando com muito afinco e com um aparelho novo no peito, posso dizer que estou feliz, pois faço meu trabalho com paixão e tenho uma companheira, o meu amor eterno.” Herval concluia assim o texto principal de sua página na internet.