Depois de 11 anos sem realizar mostra individual de pinturas, o artista plástico Siron Franco exibe, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, 35 novas criações. A série inédita, que pode ser apreciada a partir de terça-feira, promete surpreender. Desta vez, o goiano investe em uma linguagem bem mais próxima do abstrato, como jamais ocorreu em sua trajetória. A mesma exposição já foi exibida em Curitiba e fica em São Paulo até fevereiro, de onde segue para o Rio.

Todas as telas, escolhidas a dedo pelo curador Aguinaldo Farias, fazem parte de uma produção recente. Criador incansável, Siron Franco é capaz de produzir quatro, cinco telas ao mesmo tempo.

Para esta mostra foram feitas 90 obras; 60 foram pré-selecionadas; 44 escolhidas e 35 expostas. São telas nas quais Siron trata de seu povo, de sua terra, de seu cerrado. As obras eleitas figuram também no luxuoso livro correspondente à exposição.

Entre as novas telas estão Ciclo da Vida (2m x 2,6m), um díptico, Pop Star, Lembrança de Londres, Ano e Homem. “Gestos e mãos impressas, isolados, sobrepostos ou embaralhados em um amálgama indifuso, protagonizam essas pinturas, são a carne das imagens e a substância através da qual as cores se manifestam”, explica Farias em um texto encaminhado à imprensa.

Segundo o curador, Siron, de tempos em tempos “incorpora a desconstrução ou mesmo a destruição pura e simples de seus trabalhos. Só lembrar que até meados dos anos 60 ele queimava sistematicamente tudo o que produzia”.

Em uma entrevista realizada por Farias e publicada no livro da mostra, Siron conta após a exposição de 1995 no Masp, que decidiu investigar novos caminhos. Enveredou pela escultura, interessado na tridimensionalidade. Considera que essa experiência também modificou seu modo de produzir pinturas. A escolha, porém, levou muitos dos que o apoiavam e compravam suas obras a se afastarem. Um amigo próximo chegou a demonstrar preocupação pelo distanciamento que Siron teve do realismo.

Contudo, Siron, que por tantas vezes fora mal compreendido ou criticado com suas fantásticas obras carregadas de crítica social, sabe que o apego a determinada produção pode ser uma cilada. “Você tem de se colocar sempre na situação de estar escalando uma montanha nova”.

Siron Franco – Exposição. Abertura nesta terça-feira, às 20h. No Instituto Tomie Ohtake – av. Faria Lima, 201 (entrada pela r. Coropés), São Paulo. Tel.: 2245-1900. De terça a domingo, das 11h às 20h. Entrada franca. Até 4 de fevereiro. Site: www.institutotomieohtake.org.br