Cultura & Lazer Titulo Ano da França
Isabelle Huppert ganha homenagem

'Pacote' inclui peça de teatro, mostras fotográfica e de cinema em comemoração ao Ano da França no Brasil

Por Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
12/09/2009 | 07:00
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Olhar entediado para o alto, longos suspiros e o indefectível biquinho. Parece perseguição, mas a atriz francesa Isabelle Huppert repetiu todos os clichês antipáticos atribuídos a seus patrícios durante entrevista coletiva que concedeu ontem em São Paulo.

Como parte da programação do Ano da França no Brasil, a atriz, mais conhecida do público brasileiro pelo longa "A Professora de Piano" (2001), está no País para uma série de atividades: da abertura de retrospectiva e exposição fotográfica que a homenageiam no Cinesesc até o dia 17 e as apresentações, já com ingressos esgotados, do espetáculo Quartett no Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros (veja programação ao lado).

Seria injusto dizer que a bela atriz, 53 anos, não tem bom humor. Mas ao responder à primeira pergunta dos jornalistas ("Com que diretores gostaria de trabalhar?"), não poupou uma alfinetada. "É uma pergunta que eu nunca respondo. Porque me parece um pouco vazia. Mas bem, gostaria de ter sido dirigida por Hitchcock (morto em 1980)", riu.

Vencedora do prêmio de melhor atriz em Cannes em 2001, Isabelle esteve neste ano à frente da presidência do júri do festival. Sobre a responsabilidade, afirmou que há muitas vantagens e desvantagens. "Não tive dilemas. A escolha (do vencedor) se impõe. O pior é que essa experiência já passou e não se repetirá", resume.

Sobre seu modo de atuação, ela também demonstra não ter métodos extraordinários. "Você não se prepara para um papel. Você faz. Eu faço pessoas, não personagens. Essa noção de ficção acaba por limitar muito a interpretação", simplifica ela, que acaba de voltar do Festival de Veneza.

Sincera, a intérprete admitiu que pouco conhece da arte brasileira, apesar de esta ser sua sexta visita. "Ainda não conheço, infelizmente. Por favor, me pergunte isso daqui a uma semana", riu. Sobre cinema tupiniquim, destacou o cinema novo de Glauber Rocha e citou Bruno Barreto e Walter Salles, além de À Deriva, de Heitor Dhalia, que tem no elenco o compatriota Vincent Cassel.

Dividida entre teatro e cinema, a diva tem uma definição divertida sobre as linguagens. "O teatro é um esforço que dura o dia inteiro: é como subir uma montanha. Já com o cinema é possível ter mais vida pessoal, então é como um passeio", resume.

Diferentes facetas da mesma atriz

Retratos e Fotogramas - Isabelle Huppert, em cartaz no Cinesesc até o dia 17, é oportunidade para observar os grandes momentos de Madame Huppert. São 19 longas, sendo cinco de Claude Chabrol. De inéditos, Home, de Ursula Meier e Villa Amalia, de Benoît Jacquot. A exposição fotográfica começa na segunda (14) e tem 17 imagens.

Quartett, adaptação do alemão Heiner Müller para o clássico Ligações Perigosas, de Chordelos de Laclos, é o segundo trabalho de Isabelle com o diretor norte-americano Robert Wilson. "Bob não é naturalista. A peça é forte, tem a obrigação de chocar", avisa.

Retratos e Fotogramas - Mostra e exposição (dia 14). Cinesesc - Rua Augusta, 2.075. Tel.: 3087-0500. Ingr.: R$ 8. Até dia 17. Quartett - Teatro. Hoje e dias 15 e 16, às 21h; amanhã, às 18h. Sesc Pinheiros - R. Paes Leme, 195. Tel.: 3095- 9400. Ingr.: R$ 30 (esgotados).




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