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Doria mantém Grande ABC fechado

Governador indica possibilidade de reclassificação de regiões, apenas a partir do dia 15 e frustra Consórcio

Por Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
04/06/2020 | 00:01
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Divulgação


O governo do Estado, comandado por João Doria (PSDB), anunciou a manutenção do Grande ABC na faixa vermelha, fase de restrição máxima do Plano São Paulo, e frustrou as expectativas do Consórcio Intermunicipal, que esperava por sinalização da retomada gradual da atividade econômica. O alto escalão do Palácio dos Bandeirantes indicou ontem melhora nos números da região, mas não capaz de alterar ao cenário de flexibilização. O tucano promete novo balanço na quarta-feira, com a possibilidade de reclassificação na Região Metropolitana. O efeito prático, contudo, se dará apenas a partir do dia 15.

Mesmo que no dia 10 haja reavaliação positiva dos índices relacionados às sete cidades, como queda na taxa de ocupação de leitos, até o fim da atual quarentena nada muda no Estado – na Grande São Paulo, somente a Capital se descolou, de acordo com a medida adotada anteriormente, e passou para a Fase 2. “Essa realidade será mantida, no mínimo, até o próximo dia 15 de junho”, reforçou Doria. Caso a métrica fosse aplicada ontem, houve indicativo que somente a Baixada Santista, Taubaté e Registro poderiam avançar de estágio – à faixa laranja.

“(Os números da região como um todo) Ainda se encontram superiores aos 80% de (taxa de) ocupação de leitos. Houve melhora, avançou bem, diante do esforço feito pelos prefeitos do Grande ABC e, nós, em conjunto, vamos fazer mais um grande esforço para poder chegar na semana que vem (em melhores condições). A vontade de todos é melhorar esses dados. Estamos aumentando a capacidade hospitalar para isso”, pontuou o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi (PSDB). “Entendemos que com o esforço que iremos fazer ao longo desta semana, poderemos chegar o mais breve possível (em outro patamar) e baixar essa ocupação máxima permitida”, emendou.

Vinholi confirmou que, em conversa ontem com o presidente do Consórcio Intermunicipal e prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania), se comprometeu a fazer visita sábado ao Quarteirão da Saúde, em Diadema, quando deve anunciar investimento para ampliar a quantidade de leitos – o prefeito da cidade, Lauro Michels (PV), pleiteia recursos para montar hospital de campanha no local. A agenda na região deve incluir ainda passagens por São Bernardo e Santo André.

“Toda a dedicação da nossa equipe é para fazer o Grande ABC ter sua capacidade hospitalar fortalecida. Estou à disposição, sim, para acompanhar e verificar a possibilidade de melhora de leitos. Vamos juntos aumentar o número de leitos da região”, disse o tucano.

Em nota, o Consórcio não escondeu a frustração com o anúncio de ontem. Reforçou possuir índices melhores que os da Capital. “Aguardamos com brevidade o novo decreto do governo do Estado incluindo o Grande ABC na faixa pretendida.”

Maranhão descarta reabrir antes do dia 15 e condiciona fato a novos leitos

Sem esconder frustração, o presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania), afirmou que a reabertura econômica na região deverá ter início somente depois do dia 15 de junho e após instalação de novos leitos em Diadema, no Quarteirão da Saúde, que deverão ser utilizados para o tratamento da Covid-19.

Conforme Maranhão, o Grande ABC tem índices que colocam a região como apta a passar para a fase laranja do Plano São Paulo, quando é possível reabrir alguns comércios. O presidente do colegiado, porém, declarou que pretende respeitar o decreto do governador João Doria (PSDB), que determinou que as sete cidades ainda se mantenham na fase vermelha, a mais restrita.

“Vamos respeitar o decreto (do governo do estado) até o dia 15 e nada vai mudar até lá. Mas, se o Grande ABC mantiver esses números vamos mudar de fase. O governador quer ver se outras áreas da Região Metropolitana cheguem às mesmas condições”, declarou Maranhão.

O presidente do Consórcio evitou tecer crítica ao Palácio dos Bandeirantes, mas disse que discorda do posicionamento de Doria, já que a região tem índices para passar para a segunda fase do plano estadual.

“Haverá parceria entre o Consórcio e o governo do Estado para mais 100 leitos em Diadema. Com isso, o Grande ABC deverá passar para a próxima fase já na semana que vem”, projetou. (Daniel Tossato)

Prefeitos voltam a cobrar coerência na avaliação sobre relaxamento

Em lives ontem, após o anúncio do governo do Estado de manutenção do fechamento das atividades comerciais no Grande ABC, prefeitos reafirmaram desejo de tratamento isonômico por parte da gestão paulista sobre a possibilidade de relaxamento da quarentena.

O mais enfático foi o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB). O tucano disse que “seguirá do lado da ciência”, mas cobrou coerência. “Quando perdemos isso, perdemos tudo”, sustentou. “Se o prefeito da Capital (Bruno Covas, PSDB) reabrir antes do dia 15, eu reabro aqui também. Vou reabrir mesmo se o governador não deixar. Não é desafio, não é esse momento. Mas não abrirei mão do que é justo.”

O prefeito Paulo Serra (PSDB), de Santo André, citou que foram apresentados dados que mostram cenário mais confortável na região do que em São Paulo. “Não faz sentido abrir a Capital e fechar o Grande ABC. Assim como não faz sentido abrir o Grande ABC e fechar a Capital, porque haverá aglomeração de paulistanos aqui.”.

José Auricchio Júnior (PSDB), prefeito de São Caetano, salientou estar “angustiado e preocupado” com a questão econômica, mas consentiu com o Estado em manter a região e a Capital fechadas. “Em que pese todas as medidas que tomamos, a curva epidemiológica está ascendente. O Estado foi prudente e faço coro à prudência.”

Lauro Michels (PV), de Diadema, celebrou a possibilidade de haver hospital de campanha na cidade “depois de muitos ofícios, de muito insistir”. “É uma boa notícia.” (Daniel Tossato) 




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