A ala que vive na mídia, logo no início foi engolida pela massa. Nao teve a menor importância: a jornalista Marília Gabriela, os empresários Júlio Lopes e Ricardo Amaral, a modelo (e neta do presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhaes) Carolina Magalhaes, todo mundo se espremeu ao lado do carro de abre-alas, o da águia, símbolo da Portela. Se nao teve samba no pé, boa vontade nao faltou.

O carnavalesco José Felix aproveitou a história de Getúlio Vargas para falar da questao do emprego e encheu a pista com soldados, trabalhadores presos, protestos contra a ditadura, petroleiros e, é claro, gaúchos. Todas as cores e gamas do arco-íris salpicavam o azul e branco da escola de Madureira que, apesar de muita gente branca, sem samba no pé, passou animada e cantando o samba que juntava o destino do Brasil ao da Portela. Era o caso da modelo e apresentadora Adriane Galisteu, portelense recente, que foi até discreta com sua fantasia de madrinha da bateria.

Sem sambar muito bem (nem dava para comparar com a rainha da bateria, Edicléia, linda mulata de Marudeira), Galisteu jogou charme para o público e só nao foi mais aplaudida que Paulinho da Viola, que veio abrindo a escola. "Saio na Portela desde 64", lembrava ele pouco antes do desfile. "Já fiquei em vários pontos da escola, mas agora meu lugar é aqui na frente ou lá atrás, como os velhos." Ele se referia ao carro Anos Dourados, onde a Velha Guarda da Portela dividia espaço com a vedete do Brasil, Virgínia Lane, namorada confessa do protagonista do enredo.

Eram quase 5h30 da manha, quando o dia começava a nascer e a Portela acabava de passar e o público foi seguindo atrás. Estava terminado o primeiro dia do desfile e os garis e pessoal da limpeza já começava a preparar a noite desta segunda.