Economia Titulo
Alta dos juros paga
um ano de gasolina
Por Pedro Souza
do Diário do Grande ABC
26/09/2011 | 07:28
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A imagem para o consumidor ainda não é nítida, mas quem comprou um veículo no começo do mês, por financiamento sem entrada, está gastando bem mais do que desembolsaria no mesmo mês do ano passado. No caso de empréstimo de R$ 25 mil, em 60 parcelas, a diferença atinge cerca de R$ 6.000. Esse valor pagaria o combustível durante um ano de um motorista que enche o tanque, uma vez por semana, por cerca de R$ 120.

Neste caso, em setembro de 2010, o consumidor gastaria pelo financiamento de R$ 25 mil, em cinco anos sem entrada, aproximadamente R$ 41,9 mil. Já neste mês, quem deu entrada nesta operação financeira desembolsará, após o pagamento da 60ª parcela, R$ 48,2 mil.

A diferença entre os valores é baseada nas taxas médias de juros efetivos para financiamentos de veículos divulgadas pelo Banco Central. Entre os dias 27 de agosto e 2 de setembro, a autoridade monetária apresentava os dados de 47 instituições financeiras, cujo percentual médio que elas cobravam pela modalidade era de 34% ao ano. No mesmo período de 2010, as taxas eram de 25% ao ano, portanto diferença de, aproximadamente, 9 pontos percentuais. Os dados não consideram alterações ou atrasos durante o período de liquidação do débito.

GOVERNO

Esta disparidade entre os valores ocorreu por causa das medidas macroprudenciais que o governo federal vem aplicando desde o fim de 2010. E os resultados, nos financiamentos de veículos, são parcelas com valores pouco superiores, neste ano, mas que quando somadas, revelam grande espaço entre as operações contratadas no ano passado. No caso do empréstimo de R$ 25 mil, cada prestação encarece R$ 103.

Entre essas medidas que o Banco Central tomou, com objetivo de segurar a inflação por meio da restrição do crédito, está a elevação da parcela mínima de entrada para os financiamentos de veículos, o que reduziu o risco dos bancos, avalia o professor do laboratório de finanças da FIA José Roberto Savoia.

Por outro lado, a medida forçou a migração para empréstimos sem entrada, que apresentam maior perigo às instituições financeiras e têm reflexo rápido em relação ao aumento da Selic, que passou de 10,75% ao ano para 12%, atingindo até 12,5% no meio do período, entre setembro de 2010 e o início do mês. "Este é um aumento devido ao aperto do crédito. Os bancos estão se precavendo de alguma maneira", observa o pesquisador do Instituto Assaf Fabiano Guasti Lima, que ministra aulas na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Quanto maior o empréstimo, mais alta será a diferença me relação às operações contratadas no ano passado. Um financiamento de R$ 40 mil, por exemplo, com previsão para liquidação em 60 meses, e sem pagamento da entrada, está cerca de R$ 9.000 mais caro. No caso de uma operação de R$ 30 mil, a disparidade chega a R$ 7.500.

Os especialistas concordam que, seja em qual for a instituição financeira que o consumidor contratar o crédito, pagar a entrada resultará em valor total bem menor pelo financiamento do bem.




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