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Inflação desacelera, mas segue acima dos dois dígitos

No período de 12 meses encerrado em fevereiro, índice atinge maior nível desde 2003

Por Marina Teodoro
Especial para o Diário
10/03/2016 | 07:00
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Divulgação


O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial do País, teve desaceleração em fevereiro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A taxa mensal ficou em 0,90%, 0,37 ponto percentual abaixo da registrada em janeiro. No mesmo mês de 2015, estava em 1,22%

Entretanto, no acumulado de 12 meses, o indicador atingiu 10,36%. É o maior patamar para o período de um ano encerrado em fevereiro desde 2003, quando teve início o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Naquela ocasião, a inflação oficial chegou a 15,85%.

Na avaliação do economista Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, o momento é para comemorar, mas com cautela. “A desaceleração de janeiro para fevereiro é uma boa notícia, sem dúvida. Mas, ao considerar todos os meses anteriores, o IPCA ainda continua muito alto.” Vale lembrar que a meta inflacionária estipulada pelo Banco Central é de 4,5% ao ano, com oscilação de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

As quedas nos preços da energia elétrica e das passagens aéreas foram os principais responsáveis por segurar o IPCA de fevereiro. A conta de luz ficou, em média, 2,16% mais barata. Isso porque, em 1º de fevereiro, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) reduziu o valor da bandeira tarifária vermelha de R$ 4,50 para R$ 3,00 por cada 100 quilowatts-hora consumidos. A diminuição foi possível devido ao desligamento de usinas termelétricas, que haviam sido ativadas no início de 2015 em razão da queda nos níveis dos reservatórios das hidrelétricas.

Com a redução na conta de luz, o grupo de habitação teve queda média de 0,15% em fevereiro. Todos os demais segmentos tiveram alta nos preços.

Na área dos transportes, as passagens aéreas ficaram 15,83% mais baratas. “Isso é reflexo da queda na demanda. O setor de aviação também passa por um momento complicado, apesar dos preços mais baixos, a procura continua menor”, analisa Balistiero.

TENDÊNCIA

Para o economista, a previsão para os próximos meses é que a inflação continue em ritmo de desaceleração. E isso não pode ser considerado sinônimo de melhoras na economia do País. Trata-se de consequência da recessão, que provoca redução de demanda e, com isso, os preços tendem a cair também.

Entretanto, Balistiero avalia que o Comitê de Política Monetária do Banco Central não deve reduzir tão cedo a taxa básica de juros (Selic), que está em 14,25% ao ano. A elevação da Selic é um dos principais instrumentos para conter a pressão inflacionária por meio de desestímulo ao consumo e aos investimentos em produtividade.

MAIS CAROS

Entre os nove grupos pesquisados, o grande vilão foi a Educação, que subiu 5,90% por conta dos reajustes praticados nas mensalidades escolares, comportamento já esperado nesta época do ano. Os cursos regulares aumentaram 7,43%. O setor de alimentos registrou variação positiva de 1,06% nos preços, embora com menos força que janeiro, quando o teve alta de 2,28%.

Os reajustes nas tarifas contribuíram para o aumento no segmento de transportes, com 2,61% de elevação média nas passagens dos ônibus urbanos; 2,17% nas viagens intermunicipais; e 3,83% nos trens. 




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