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Facebook: diversão
ou armadilha?
Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
28/11/2010 | 07:06
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Estabelecer contatos com o maior número de pessoas, muitas das quais nunca conheceria, trocar informações e compartilhar dados são as principais finalidades das redes sociais, como Facebook. São mais de 550 milhões de usuários, nove milhões só no Brasil. Aliás, o número já deve ter mudado, pois a cada dia surgem milhares de novos adeptos.

Pesquisa recente do Ibope Mídia mostra que 60% dos internautas brasileiros acreditam que as redes sociais oferecem as informações necessárias para se manter atualizado; 45% dizem que substituem as informações dos portais de notícias.

Mais do que isso, esses sites contribuem para que o monopólio de dados acabe, segundo Celso Poderoso, coordenador dos cursos de tecnologia da Fiap e especialista em redes sociais. "É um volume muito grande de conhecimento. Não tem mais como possuí-lo sozinho. O diferencial é usar a colaboração. Importante não é deter o conteúdo, mas a capacidade de conectar diferentes ideias", diz.

Lembra a forma como os iranianos usaram as redes sociais para driblar a censura do governo e mostrar ao mundo seus protestos durante as eleições do ano passado? Sem elas, dificilmente as pessoas de vários países saberiam o que estava acontecendo de verdade.

TUDO DE BOM? - Mas as redes sociais não trazem só benefícios. Boa parte dos problemas está vinculada ao uso inadequado que alguns fazem. Celso lembra o caso em que um executivo foi demitido após fazer comentário no qual criticava os torcedores do time de futebol patrocinado por sua empresa. "As pessoas têm de se preocupar com o que aparece sobre elas na rede. O impacto é grande."

As redes sociais estão mudando o conceito de privacidade. Mas muita gente não se liga nisso e revela dados pessoais que podem ser usadas por desconhecidos para o mal. Há criminosos que escolhem as vítimas por esses sites; residências roubadas porque os ladrões sabiam que os donos não estavam. Como? Eles tinham postado isso.

"Tem de compartilhar só o que vale à pena. Não é necessário dizer onde está ou o que faz no momento", afirma Regina Fazioli, coordenadora e idealizadora da Biblioteca Virtual do Estado de São Paulo.

Superexposição é uma questão de escolha

A galera vê mais vantagens do que problemas nas redes sociais. "É mais fácil e prático para se comunicar. Como tenho primos nos Estados Unidos, criei conta no Facebook para falar com eles", diz Tathiana Zara Silva Reis, 14 anos, de São Bernardo. Ela também tem Orkut, Twitter e Formspring. Na opinião de Lucas Benassato, 14, quem é realmente preocupado com superexposição não participa. "Não há perigo se souber usar. Tudo tem risco. É como escolher dirigir sem cinto ou com ele."

O amigo Diego Lau Silva, 14, é mais preocupado e lembra de casos de quem se deu mal por não tomar algumas precauções. "Se falar besteira, tem muita repercussão. Mesmo que apague pouco depois, também pode ser perigoso." Por isso cabe ao usuário controlar as informações que posta, segundo Gabriella Sartori, 14. "O limite vem de cada um. Às vezes, as pessoas exageram colocando tudo o que fazem."

Apesar da discussão, essa turma assume que, por meio das redes sociais, dá para descobrir quase tudo sobre alguém. Funciona como uma investigação. Com cada mensagem e informação é possível montar um quebra-cabeça. Isso sem contar as confusões nas quais muitos se metem: namorados que descobrem traições e amigos que se transformam em alvos de fofocas. Apesar disso, garantem se sentir preparados para enfrentar os desafios das redes sociais. E você?

 Futuro das redes sociais

As redes sociais vieram para ficar, mas ainda não se pode prever exatamente qual será seu futuro. Especialistas supõem o surgimento de novos sites desse tipo, que reuniriam pessoas com afinidades cada vez mais específicas. Quem sabe um dia os bilhões de habitantes da Terra estarão conectados.

O certo é que, hoje, internautas já não são os únicos a aderirem ao fenômeno. Empresas as incorporaram às estratégias de marketing e comunicação com empregados e consumidores.

Há também muitas discussões e iniciativas para que as instituições de ensino aproveitem a tecnologia. Entretanto, ainda se tem um longo caminho a percorrer. Segundo Regina Fazioli, coordenadora e idealizadora da Biblioteca Virtual do Estado de São Paulo (www.bibliotecavirtual.sp.gov.br), os colégios não permitem o acesso dos alunos porque acham que os sites são apenas brincadeira.

"Proibir os nativos digitais (quem nasceu na era da web) é como dizer para não usar o telefone. A escola que resolver usar as redes sociais vai ganhar muito. Poderá integrar todos os alunos, organizar eventos e divulgar iniciativas", argumenta.

INOVAÇÕES

O Facebook anunciou recentemente novo sistema de mensagens on-line, que une e-mail, SMS e bate-papo. Será possível manter histórico de conversa no qual terá como fazer buscas e irá agilizar a comunicação.

Na opinião de alguns especialistas, o recurso pode representar o fim do e-mail tradicional. Mark Zuckerberg, criador e diretor-executivo da empresa, negou e disse: "O e-mail é chato. Os adolescentes usam SMS e mensagens instantâneas porque são mais simples".

COMUNIDADES

Fique atento às comunidades as quais se vincula. Nada daquelas que apoiam preconceito ou violência. Isso é muito ruim. Além disso,

arrumar trabalho pode não ser uma preocupação agora, mas será no futuro. Muitas empresas vasculham as redes sociais em busca de informações sobre os candidatos.

COMENTÁRIOS

São os vilões. Muitos esquecem que não podem falar qualquer coisa, muito menos escrever. Qualquer deslize pode causar problemas. No caso de adultos, o resultado pode ser demissão.

DADOS PESSOAIS

É perigoso colocar dados como endereço completo e telefone. Se quiser que as pessoas entrem em contato com você utilizando outros recursos, deixe o endereço de e-mail. Nunca se sabe o que podem fazer com suas informações

FOTOS

Evite colocar fotos constrangedoras e em situações não muito legais. Cuidado com o excesso de pose na frente do espelho e exposição desnecessária de partes do corpo. Mesmo que as suas imagens estejam bloqueadas, você pode aparecer na marcação de fotos de outras pessoas

ERA PARA REUNIR GRUPO RESTRITO

Um nerd sem talento para relacionamentos interpessoais cria um site que muda para sempre a forma como as pessoas se relacionam. Bizarro? Isso é o mínimo que se pode dizer sobre o surgimento do Facebook e seu criador Mark Zuckerberg. A história chega às telonas na sexta (3), com a estreia de A Rede Social, inspirado no livro Bilionários Por Acaso - A Criação do Facebook (Ben Mazrich, Editora Intrínseca, 232 págs., R$ 29,90). Acompanha a trajetória de Zuckerberg - de estudante desajeitado de Harvard (uma das mais prestigiadas universidades norte-americanas) a bilionário mais jovem do mundo. Após tomar um fora, o geniozinho invade o sistema da faculdade, pega dados pessoais de alunos e faz site em que compara a beleza das garotas. O que poderia resultar em expulsão rendeu apenas advertência, além de despertar a atenção dos gêmeos Tyler e Cameron Winklevoss e do amigo deles Divya Narendra. Os caras contrataram Zuckerberg para criar um site de relacionamentos exclusivo para a turma de Harvard. O garoto os enrola e, com a ajuda do amigo brasileiro Eduardo Saverin, cria o Thefacebook (primeira versão). Simples não? Mas é aí que começa a batalha judicial. Winklevoss e Narendra acusam Zuckerberg de roubar a ideia e Saverin o processa após ser passado para trás na sociedade.

Nem tudo na trama condiz com a realidade. Mesmo assim, usuários do Facebook podem se assustar ao descobrir um pouco e o que pensa o cara que criou o site.

ZUCKERBERG SÓ TEM AMIGOS VIRTUAIS

Mark Zuckerberg só tem 26 anos e fortuna calculada em US$ 7 bilhões. Esse valor só tende a aumentar. Quando criou o Facebook, em 2004, não queria ficar rico, mas popular e poderoso. Deu certo. Já foi chamado de o novo Bill Gates.

Dinheiro, reconhecimento e poder não mudaram o jeito de ele se vestir: sempre de moletom e chinelão. Junto com isso vieram inimizades, brigas e solidão. Zuckerberg pode ter vários amigos virtuais, mas devem ser raros na vida real. Quem o conhece o descreve como arrogante, indiferente e babaca.

E ainda tem muitos querendo derrubá-lo. Os Winklevoss e Narendra, que aparecem no filme, ganharam o processo contra ele e querem mais grana. O brasileiro Saverin, hoje com 28 anos, ganhou muito dinheiro e 5% das ações do Facebook.




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