Numa coletiva organizada a menos de dez dias das eleiçoes na ilha, o ministro das Relaçoes Exteriores, Tang Jiaxuan, advertiu também a França e o Japao contra qualquer aproximaçao política com Taiwan, mas reservou suas críticas principalmente aos EUA.

``Os Estados Unidos têm estimulado a arrogância das forças separatistas de Taiwan e têm uma inegável responsabilidade na atual tensao no Estreito' de Formosa.

Mas o ministro, que interveio na sessao plenária anual do Parlamento, adotou um tom conciliador em relaçao ao dirigente a ser escolhido nas eleiçoes de Taiwan no dia 18 de março, esclarecendo a disposiçao de Pequim em dialogar com ele, salvo em caso de atos considerados independentistas.

``Se os novos dirigentes de Taiwan nao apostarem na independência, e desejarem relançar as negociaçoes e discussoes sobre o princípio de uma China única, estamos dispostos a aceitar (o diálogo)', declarou Tang. ``Caso contrário, a situaçao será diferente', disse sem maiores detalhes.

Pequim multiplicou, nos últimos dias, as advertências aos eleitores taiuaneses, esgrimindo a ameaça de uma intervençao militar se os dirigentes de Taipé continuarem recusando indefinidamente a abertura das negociaçoes sobre a reunificaçao.

Tang afirmou que esta ameaça nao é nova e que foi reiterada pelo antigo presidente chinês, Deng Xiaoping, desde 1984.

Pequim considera Taiwan, onde os nacionalistas se refugiaram em 1949, uma província rebelde que deve ser reunificada ao continente, segundo o princípio ``um país, dois sistemas', elaborado por Deng na época da devoluçao de Hong Kong.

A questao taiuanesa constitui o principal obstáculo nas relaçoes entre China e EUA, tal como reiterou claramente Tang durante a coletiva.

``As relaçoes sino-norte-americanas, assim como as relaçoes entre as duas margens do Estreito de Formosa, passam por uma fase critica. Tudo o que os EUA dizem e fazem têm um impacto direto sobre o futuro de nossas relaçoes', afirmou o chefe da diplomacia chinesa.

Ele lembrou também, que o embaixador da China nos EUA se queixou na quinta-feira do governo norte-americano, logo após o anúncio da venda de modernos sistemas de defesa antiaérea Hawk a Taipé. Tang se disse firmemente contrário à venda de sistemas de defesa antimísseis norte-americanos a Taiwan.

Ele também criticou a França, que vendeu um satélite a Taiwan, através do grupo aeroespacial franco-britânico Matra Marconi Space, anunciada em dezembro por Taipé.

``A China nao pode fazer concessoes diplomáticas', disse, lembrando as dificuldades nas relaçoes bilaterais no começo dos anos 90, por causa da venda de avioes de combate franceses a Taiwan.

Por último, Tang alertou Tóquio contra uma eventual visita do presidente taiuanês Lee Teng Hui ao Japao.