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Crianças resgatam histórias de família
Por Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
05/09/2011 | 07:01
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"Meu bisavô usava o relógio de bolso para controlar os horários das caldeiras da Usina de Tamoio. O nome dele era Benedito, mas a gente só chamava ele de vô Véio".

Essa é a história da família de Liara Braz Galvão, 9 anos, estudante do terceiro ano do Ensino Fundamental da Emef Dom Benedito Paulo Alves de Souza. Liara faz parte de um grupo de 1.537 crianças de seis escolas de período integral de São Caetano que tiveram uma grande missão neste ano: resgatar suas memórias familiares.

Rádios, ferros de passar, máquinas de escrever e costurar, relógios, notas de cruzeiros e cruzados, receitas secretas e fotos antigas fizeram parte do acervo levantado pelos estudantes e suas famílias por meio do projeto Vamos contar nossa história, parceria entre a Secretaria de Educação e a Fundação Pró-Memória. Além da Emef Dom Benedito Paulo Alves de Souza, também participaram alunos das Emefs Eda Mantoanelli, Elvira Paolilo Braido, Padre Luiz Capra, Prof. Décio Machado Gaia e Sylvio Romero.

Giulia Maia, 9, está no quinto ano da mesma escola que Liara e trouxe um livro de receitas de 1979, além de um disco do Balão Mágico que "tem cheiro de infância", como sua tia costuma dizer. "Ela gravou as músicas para eu ouvir no computador". Foi assim que Giulia teve o primeiro contato com a banda que faz parte do imaginário de qualquer um que foi criança nas décadas de 1970 e 1980.

Receitas

Luana Marques, 9, viveu um momento especial com uma receita de família que levou para a escola. A avó da menina não sabia cozinhar e a mãe teve de aprender sozinha. "Não conhecia meu avô, que mora no Nordeste, e aproveitamos as férias de julho para ir pra lá. Levamos a receita de brusqueta da minha mãe e ele gostou muito."

A xará Luana Romualdo, 9, também levou receita secreta que sua bisavó costuma fazer. "Essa receita minha avó faz para vender, e eu ajudo ela", contou.

Para a diretora da Emef Dom Benedito, Ana Luiza Vitiello Pereira Brosco, é importante resgatar a cultura e a memória da cidade por meio das crianças. "Muitos nasceram na era digital e não conheciam esses objetos. É interessante ver como os alunos e suas famílias se interessaram e participaram ativamente", avaliou.

Projeto leva cotidiano para museu da cidade

A ideia de desenvolver o projeto Vamos contar nossa história partiu da Fundação Pró-Memória de São Caetano. A presidente da entidade, Sonia Maria Franco Xavier, explica que era preciso envolver a criança e o jovem na valorização do patrimônio municipal. "Antes nossos projetos eram voltados para o morador adulto e idoso de São Caetano. Agora, atingimos os pequenos. É uma forma de fazer a criança se reconhecer na história."

O projeto começou em maio com a sensibilização dos professores, que trabalharam com as crianças no contraturno das aulas, nas escolas de período integral.

Os educadores foram apresentados a conceitos da educação patrimonial como preservação, conservação, patrimônio e identidade cultural.

Posteriormente, todos os alunos visitaram o Museu Histórico Municipal, como forma de identificar materiais que são importantes para a história da cidade e aprender a valorizá-los. A terceira etapa do projeto criou exposições nas seis escolas para que as famílias pudessem conhecer as histórias umas das outras.

A última fase pode ser conferida até o dia 23 no Museu Histórico. "Reunimos os melhores trabalhos de pesquisa e os objetos mais interessantes em uma bela exposição. A ideia é que a família visite o local acompanhada dos filhos para valorizar o patrimônio da cidade", ressaltou. O museu fica na Rua Maximiliano Lorenzini, 122, no bairro Fundação, e funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados das 9h às 15h.




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