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Dificilmente acontecerá, diz Cicote sobre falta d’água em Santo André

Superintendente do Semasa aposta que diálogo com Sabesp resultará em manutenção do fornecimento

Por Raphael Rocha
24/02/2019 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Recém-nomeado superintendente do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), Almir Cicote (Avante) aposta que o problema de falta de água não assombrará a cidade no verão do próximo ano. “Dificilmente acontecerá. Até porque o diálogo com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) está muito tranquilo.”

Em entrevista exclusiva ao Diário, Cicote comentou sobre sua nova função – ele se licenciou da vereança no dia 19 para aceitar o convite do prefeito Paulo Serra (PSDB) para integrar o primeiro escalão do governo. Chegou à autarquia em momento delicado: há dívida bilionária que a Sabesp cobra do município e constante reclamação de falta d’água, acentuada nos últimos meses.

O novo superintendente admitiu que o passivo – estimado em R$ 3,4 bilhões – tensiona as relações com a Sabesp, porém, Paulo Serra estabeleceu canal de interlocução que o faz projetar que os problemas não serão reeditados no próximo verão. “Por causa da dívida, o poder de investimento do Semasa cai bastante, e esse poder (de aporte) vem caindo gradativamente. Mas queremos resolver em prazo relativamente curto. Sabemos da necessidade de investimentos na manutenção das redes, e pretendemos utilizar a tecnologia a nosso favor, ter relação mais próxima com nossos funcionários e com a Sabesp. Também precisamos atacar o desperdício, tanto dos grandes vazamentos quanto do mau uso.”

A Sabesp acionou o Semasa porque, desde os anos 1990, o município paga valor menor pelo metro cúbico de água adquirido no atacado. A decisão foi tomada ainda na gestão de Celso Daniel (PT, morto em 2002) e mantida em gestões anteriores. A estatal paulista tem vencido diversas vezes na Justiça e a demora por encontrar uma solução, além de estremecer o elo entre as partes, faz o passivo crescer exponencialmente, uma vez que juros são embutidos na quantia.

Paulo Serra negocia com a Sabesp desde que sentou na cadeira de prefeito, em janeiro de 2017, para resolver o impasse. O chefe do Executivo já falou que há possibilidade de gestão compartilhada com a estatal, deixando, por exemplo, os serviços de água e esgoto nas mãos da Sabesp, e o restante – como varrição e destinação final do lixo –, com o Semasa. Dessa maneira, a estrutura da autarquia municipal seria mantida, assim como os quase 1.200 empregos.

“Não vamos acabar com o Semasa. Independentemente de qualquer conversa com a Sabesp. Temos aqui a tarefa de não acabar com essa autarquia. Há grande valor simbólico para a cidade”, assegurou Cicote. “Queremos recuperar a credibilidade do Semasa junto à população, independentemente de qualquer reestruturação que porventura venha.”

PARTE POLÍTICA
Questionado se ir ao primeiro escalão significaria apoio selado à tentativa de reeleição de Paulo Serra, Cicote ponderou que “assumiu compromisso de dar continuidade ao trabalho”. “Estamos a dois anos de acabar o mandato do prefeito e venho com a tarefa de tentar contribuir que esse projeto continue por mais quatro anos. Sei que vai passar pelo Semasa. Sei que tenho de fazer boa gestão.” Sobre o papel que pretende desempenhar na eleição do ano que vem, contemporizou. “Falta muito tempo, discute-se 2020 em 2020. Sentei nesta cadeira (de superintendente do Semasa) e não tenho mais pensado em eleição.”




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