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Volks - Ou demite ou vai embora
Por Lana Pinheiro
William Glauber
26/08/2006 | 19:42
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Ao completar 50 anos, a indústria automotiva brasileira confronta-se com uma das piores crises de toda a sua história: a ameaça de fechamento da fábrica Anchieta da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo – a mais emblemática desse setor produtivo.

Rumor antigo no mercado e entre seus próprios empregados, a hipótese do fechamento da fábrica do Grande ABC foi admitida pela primeira vez, e  oficialmente, na última segunda-feira. Após reunião com dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a Volks estabeleceu até sexta-feira como prazo máximo para o fim das negociações sobre o plano de reestruturação.

Na terça-feira, os trabalhadores terão a dura tarefa de definir o futuro da unidade. Ou aceitam as propostas da empresa, com a demissão de 3,7 mil empregados até 2008, ou correm o risco de serem alvos de ação ainda mais rigorosa, com cortes de até 6,1 mil trabalhadores. Ainda abrem espaço para o pior dos cenários: o fechamento da fábrica.

Com essa medida, 12 mil metalúrgicos perderiam o emprego direto na Volks e 94,6 mil seriam cortados indiretamente na cadeia produtiva. Isso implicaria menos R$ 2,3 bilhões em salários na economia do Estado de São Paulo por ano, dos quais R$ 1,38 bilhão somente no Grande ABC. Somam-se também o custo social do fechamento da fábrica, da ordem de R$ 13,8 bilhões ao ano.

Apesar dos prejuízos socioeconômicos acarretados pelo fim das atividades na planta Anchieta, sindicato e companhia travam publicamente um tenso diálogo. O radicalismo está presente dos dois lados. A empresa não abre mão de demitir menos de 3,7 mil trabalhadores e o sindicato recusa-se a negociar qualquer coisa que envolva demissões, mesmo aquelas incentivadas financeiramente.

Consultores são categóricos em afirmar que a sobrevivência da fábrica do Grande ABC depende de uma reformulação que a torne competitiva diante dos desafios de um mercado globalizado. China e Índia batem à porta com seus carros de baixo custo e a determinação de tornarem-se grandes centros produtivos mundiais de veículos.

Enquanto isso, o Brasil patina sem políticas setoriais de longo prazo, capazes de manter os veículos da Volks ou de qualquer outra montadora instalada no país competitivos no cenário internacional.




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