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Anchieta tem melhor salário da Volkswagen
William Glauber
Do Diário do Grande ABC
26/08/2006 | 19:44
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Conquista da classe trabalhadora organizada, a remuneração média do metalúrgico em montadora no Grande ABC supera em 56% o rendimento de Taubaté e em 118% o ganho de São José dos Pinhais (PR). Em São Bernardo, um trabalhador da Volkswagen do Brasil ganha em torno de R$ 3,6 mil, enquanto no Interior paulista o salário gira em R$ 2,3 mil e no Paraná em R$ 1,65 mil, segundo informações dos respectivos Sindicatos dos Metalúrgicos.

Para o sociólogo e historiador da Fundação Santo André e Fundação Getúlio Vargas Paulo Douglas Barsotti, a média salarial praticada na região não justifica o argumento de redução de rendimento do trabalhador, apresentado pelo empresariado. “Empresários que pensam na direção contrária à atuação combativa de sindicato na luta por maiores salários e melhor qualidade de vida, querem a volta da ‘escravidão’”, condena o professor.

Barsotti recorda que, desde o início dos anos 90, as empresas realizam processos de reestruturação para adequar a produção com enxugamento de mão-de-obra e salários. “Esse é um sentido perverso da lógica das reestruturações”, considera ele.

Para reverter essa tendência, o acadêmico destaca a importância da mobilização dos trabalhadores. “O Sindicato (dos Metalúrgicos do ABC) vem de tradição combativa desde os anos 70, mas não o considero com a mesma combatividade hoje”, critica Barsotti.

O presidente da entidade, José Lopez Feijóo, classifica a ação do sindicato local como combativa, sim. “Sindicato que não defende direitos de trabalhadores e melhora da qualidade de vida não é sindicato. O sindicato é um instrumento para equilibrar uma balança desigual”, aponta o líder.

Segundo Feijóo, o sindicalismo contribui para fortalecer a economia regional. “Não fosse nossa atuação para garantia de direitos e de distribuição de renda, talvez o ABC não seria o terceiro mercado consumidor do país”, destaca.

A renda proveniente da indústria no Grande ABC é, de fato, um dos fatores que projetam a região à terceira colocação no ranking de consumo do país. “O potencial de compra está ligado a altos salários da indústria. A saída da fábrica da Volks afeta, por exemplo, o setor de serviços”, explica Antonio Carlos Schifino, coordenador do Observatório Econômico de Santo André.

Salários
Metalúrgico de montadora do Grande ABC ganha em média R$ 3,6 mil. Na Volkswagen do Brasil, 12 mil trabalhadores produzem 940 carros por dia. No entanto, a planta local, ameaçada atualmente por encerramento das atividades, tem capacidade de produzir até 1,1 mil automóveis por dia.

Empregados da Volks ganham em torno de R$ 2,3 mil na fábrica de Taubaté. No Vale do Paraíba, a empresa conta atualmente com 5 mil funcionários, que produzem cerca de 800 veículos por dia de trabalho.

A diferença salarial torna-se ainda mais gritante ao se comparar o rendimento do trabalhador do Grande ABC com o metalúrgico de São José dos Pinhais, que ganha, em média, R$ 1,65 mil. Os 3,9 mil atuais empregados da unidade paranaense da Volkswagen montam 810 veículos por dia.

Para estudiosos e sindicalistas, altos salários nas indústrias da região resultam em classe média com poder de consumo. A afirmação pode ser constatada pelas sete cidades ocuparem o terceiro lugar no ranking nacional de potencial de consumo da Target Market.




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