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Mercado do tráfico produz novas drogas
Por Do Diário do Grande ABC
10/06/2000 | 14:16
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Especialistas estrangeiros em narcotráfico advertem para a expansao da última tática dos traficantes, denominada apresentaçao de cardápio, que consiste na oferta de novas drogas aos futuros usuários sem informaçoes sobre as conseqências do uso.

Na lista, há três novos tipos de substâncias. Uma delas é o ice (gelo, em inglês), que tem como público alvo os adolescentes de 12 a 17 anos. O ice é vendido nas casas de videogame com o argumento de que aumenta os reflexos, aguça a sensibilidade e diminui o cansaço.

A nova droga é oferecida avulsa, em forma de pílulas brancas, pouco maiores do que um anticoncepcional, a US$ 0,25 (aproximadamente R$ 0,50), valor inferior ao cobrado por um cigarro de maconha ou por um grama de cocaína. Em geral, os traficantes ficam na entrada das casas de videogame à espera de clientes. Na Europa, o ice já é uma das grandes preocupaçoes das autoridades. No Brasil, a expectativa é de que chegue em breve e possivelmente entre pela fronteira com o Paraguai.

O alerta em relaçao à nova droga foi feito no último fim de semana, quando especialistas em narcotráfico de vários países da Uniao Européia (UE) se reuniram em Roma. O Brasil foi representado pelo presidente do Instituto Giovanni Falcone, Wálter Maierovitch, ex-secretário Nacional Antidrogas. Segundo ele, os especialistas temem pelos efeitos colaterais provocados pela substância, principalmente por causa da pouca idade dos consumidores. "O ice atinge o sistema nervoso central e, com o tempo, pode causar insônia, paranóia e alguns tipos de psicose", disse.

O adolescente usa o ice dissolvendo a pílula dentro da lata de refrigerante, consumido aos poucos. Depois de alguns minutos, os efeitos surgem: as luzes da tela do videogame se tornam mais brilhantes, os reflexos ficam mais rápidos e o cansaço desaparece. Como os jovens que tomam a droga nao têm reaçao externa alguma, muitas vezes os pais e professores nao percebem.

Os especialistas concluíram que atualmente os traficantes agem apresentando um cardápio aos clientes. Além do ice, estao em alta na Europa o crystal (como diz o nome, é um pequeno cristal) e o popper (semelhante ao pó da cocaína). Há, ainda, o aumento considerável do consumo de ecstasy (a pílula das discotecas, como ficou conhecida).

O crystal é oferecido às pessoas que buscam mais prazer sexual, por tempo prolongado. É vendido nos sex-shops europeus e, por ser uma anfetamina, tem efeitos colaterais semelhantes aos do ice.

O popper é vendido para aqueles que procuram relaxar e nao têm motivos para euforia e também é encontrado nos sex-shops. Segundo os especialistas, seus efeitos sao parecidos com os do ecstasy. O ice e o crystal sao produzidos em laboratórios clandestinos, controlados por máfias ligadas a grupos asiáticos e do Leste Europeu. Na última operaçao de apreensao e combate a drogas na Itália, filipinos e imigrantes do Leste foram presos.

``Está aumentando cada vez mais a ousadia das organizaçoes transnacionais, favorecidas por uma rede ultra-especializada de informaçoes, que as mantém permanentemente em alerta sobre o que o mercado necessita', afirmou Wálter Maierovitch. Mesmo sem exercer funçao pública, ele promete empenhar-se para alertar as autoridades em relaçao às novas drogas.




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