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Após 50 anos, mãe e filho se reencontram

Em S.Bernardo, aposentada de 75 anos realizou sonho após reportagem publicada pelo Diário

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
14/03/2014 | 07:00
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O abraço apertado, acompanhado de lágrimas, entre a faxineira aposentada Donata Almeida dos Santos, 75 anos, e o filho, o pedreiro Erivaldo Santos, 55, marcou o reencontro de mãe e filho após 50 anos. A cena, capaz de mobilizar toda a comunidade do Conjunto Residencial Três Marias, no bairro Cooperativa, em São Bernardo, e comover a todos os presentes, ocorreu após matéria publicada no Diário, em que Dona Donata pediu ajuda financeira para realizar o sonho.

O encontro foi viabilizado no mês passado, por uma emissora de televisão, que bancou os custos da viagem à região.

Já idosa e bastante debilitada por conta do estado de saúde (além de diagnóstico de câncer no colo do útero, ela estava com pneumonia no dia da visita), dona Donata lembrou com lágrimas nos olhos do dia em que deixou os filhos, em Ituberá, na Bahia, aos cuidados do ex-marido, mesmo contrariada. Vítima de violência doméstica, a aposentada não teve alternativa após denunciar seu agressor à Justiça. “Eram outros tempos. Não tinha como ficar com ele.”

Passada a ansiedade de rever a mãe, Santos revelou que demorou a acreditar no que estava acontecendo. “Se tivesse dinheiro, teria vindo no mesmo dia em que o pessoal da Sedesc (Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania) me ligou contando que minha mãe estava viva”, comentou o pedreiro, que vive de ‘bicos’. A pedido da mulher, ele viajou de Valença, na Bahia, onde mora, acompanhado do filho mais velho, Urlan do Desterro Santos, 32, até São Bernardo. “É uma emoção sem tamanho”, observou o neto.

Apesar de não ter nenhuma recordação da mãe – tendo em vista que tinha 5 anos quando se separaram –, Erivaldo conta que ele e os irmãos receberam cartas de dona Donata até os 16 anos. “Ela sempre mandava lembranças e presentes, mas ficavam com o meu pai. Ele acabou jogando fora e perdemos o contato.” Mesmo não tendo desistido de procurar pela mãe, o pedreiro diz ter sido enganado por pessoas mal-intencionadas. “Só levaram meu dinheiro e me disseram que ela estava morta.”

O tão sonhado reencontro aconteceu graças à preocupação e curiosidade da auxiliar de limpeza Elaine Santos da Costa, 23, vizinha de dona Donata. Ela procurou ajuda do atendente social da Sedesc Nilson Pereira de Barros, 46, e, juntos, fizeram a ponte entre a simpática senhora e o filho. “É uma felicidade imensa ver que ela realizou seu maior sonho”, destaca Elaine.

Para dona Donata, o reencontro representou o início do ano novo. “Todo o dia ficava pensando que poderia ser hoje que eu iria revê-los, e finalmente aconteceu”, comemora. A vontade era tanta que ela preparou a casa com antecedência – arrumou o quartinho para recebê-los e contou com a ajuda dos vizinhos, a quem considera sua nova família, para ir ao mercado. “Tinha que estar preparada. Comprei carne, refrigerante e lasanha.”

A família teve cerca de dez dias para colocar a conversa em dia, período em que Erivaldo e Urlan permaneceram em São Bernardo. A tarefa mais difícil seria revelar que o filho mais velho, José Carlos, morreu há cerca de 20 anos em acidente de caminhão. “É dolorido, mas estaremos do lado dela para ampará-la”, destacou Erivaldo. Já a outra filha, Nanci, não pôde viajar porque estava doente. E os irmãos perderam contato com Ivete, filha de relacionamento anterior de dona Donata. Ao lado da mãe, Erivaldo fez planos. “Vou correr atrás para juntar dinheiro para a próxima visita.”




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