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‘O Vôo da Fênix’ custa a decolar
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
04/03/2005 | 13:47
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Fênix, a ave flamejante da mitologia, aninhava-se quando percebia que morreria consumida pelo seu próprio fogo. De suas cinzas, surgia a nova Fênix, renascida. Os produtores de O Vôo da Fênix, que estréia nesta sexta-feira em três salas na região, fizeram renascer o filme homônimo de 1965, dirigido por Robert Aldrich (Os Doze Condenados, O que Aconteceu com Baby Jane?), em uma aventura que custa a decolar.

A história dirigida por Aldrich (pai de William, produtor do filme que estréia nesta sexta-feira) tinha James Stewart no papel principal e rendeu um interessante retrato do comportamento de tipos humanos distintos em uma situação limite: uma dúzia de soldados sobreviventes da queda de um avião militar no deserto do Saara, durante a Segunda Guerra. Enquanto durasse seu estoque de água e comida, eles tinham de construir um avião com as partes que sobraram da aeronave avariada para escapar.

De volta à produção de 2005. Um grupo de funcionários de uma empresa que procura petróleo na Mongólia é transportado de volta para casa dado o fracasso na extração. Mas o avião cai no deserto de Gobi. O grupo, quase uma dúzia de sobreviventes, tenta construir um avião para escapar dali antes da chegada de perigosos contrabandistas do deserto e antes do fim do estoque de água e comida. A cena do acidente é uma seqüência de tirar o fôlego. O avião enfrenta uma violenta tempestade de areia e cai por entre dunas de maneira realista. E ponto final. O resto é arremedo de ação em um filme dirigido por um John Moore (Atrás das Linhas Inimigas) indeciso entre tragicomédia ou aventura tragicômica, que pouco avança além do que foi feito há 40 anos.

O piloto tipo valentão Frank (Dennis Quaid, que às vezes acerta mas erra bastante na escolha de papéis) disputa a liderança com o loirinho de voz anasalada Elliot (Giovanni Ribisi), tipo esquisitão que aparece do nada, pega carona no avião, se diz designer de aeroplanos (sua verdadeira profissão é a surpresa do filme) e se revela um mimado que quer porque quer ser o big boss da turma. Os demais, sem relevância.

Há cenas constrangedoras. A morte de um dos sobreviventes, que sai à noite para tirar água do joelho, tropeça em uma duna e se perde numa tempestade de areia, é uma delas. Próximo do fim, um vislumbre de ação quando surgem os contrabandistas. Mas já é hora de testar o avião, batizado Phoenix. Não vale dizer como termina o filme, mas é colocada em meio aos créditos finais uma seqüência engraçadinha de fotos dos personagens, mostrando que fim levou cada um. Derradeiro constrangimento.



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